Nuno Manta, um treinador que gosta de complicar a vida aos “grandes”

Benfica recebe nesta sexta-feira um Feirense ambicioso de um treinador ainda pouco experiente mas habituado a complicar a vida aos "grandes".

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Pizzi marcou o golo da vitória benfiquista em Santa Maria da Feira em 2016-17

Tal como Rui Vitória no Benfica, Nuno Manta Santos também foi um treinador da formação do Feirense, mas, se no caso do técnico dos “encarnados” houve um intervalo de dez anos entre as duas funções, Manta Santos nunca saiu do clube de Santa Maria da Feira, onde, aliás, já entrou na história. Com ele no banco há menos de um ano, o Feirense já conseguiu um feito inédito, que é o de estar a cumprir a segunda temporada consecutiva na primeira divisão, algo que o clube nunca tinha conseguido nas quatro anteriores ocasiões em que subiram ao primeiro escalão. E o jovem técnico de 39 anos quer continuar nesta sexta-feira a fazer história, o de conduzir o Feirense à primeira vitória da sua história sobre o Benfica e na primeira vez que vai ao Estádio da Luz, em jogo da 10.ª jornada da liga portuguesa (19h, BTV).

Mas a passagem de ambos os treinadores pela formação dos respectivos clubes não é o único ponto em comum entre eles. É uma estatística que pode ser encarada como uma curiosidade, mas mostra bem a validade do trabalho de Manta Santos. Tomando como referência a segunda estreia do técnico no banco da equipa feirense a 22 de Dezembro do ano passado (já tinha tido dois jogos como interino há quatro anos), Manta Santos já leva 33 jogos e com um registo bem interessante de 14 vitórias, dez empates e nove derrotas. No mesmo período, Rui Vitória fez 42 jogos, conseguiu 27 vitórias, nove empates e seis derrotas.

Claro que são números de equipas que lutam em competições diferentes, com meios e objectivos diferentes, mas não deixam de ser um aviso para o Benfica de que o Feirense de Nuno Manta Santos é um adversário difícil de roer. Das nove derrotas neste período, apenas duas foram por mais do que um golo de diferença (com Arouca e Belenenses), e Rui Vitória deve lembrar-se bem da dificuldade que foi ganhar em Santa Maria da Feira em Março passado. Foi uma vitória pela margem mínima, com um golo de Pizzi a fazer a diferença, sendo que antes, a equipa da casa desperdiçou bastantes oportunidades de golo.

Outro dado à atenção dos “encarnados”: Manta Santos costuma complicar a vida aos candidatos ao título. Frente ao FC Porto já empatou duas vezes no Dragão na época passada (1-1 na Taça da Liga e 0-0 no campeonato), e, também na época passada, já ganhou ao Sporting em casa por 2-1, tendo perdido os outros dois confrontos pela margem mínima (2-1 e um 3-2 já esta temporada, num jogo em que os “leões” só ficaram com os três pontos graças a um penálti convertido por Bas Dost no final da compensação).

É com estes argumentos que o treinador se apresenta na Luz pela primeira vez na sua carreira e é neles que tem base (e não no suposto mau momento do Benfica ou na inexperiência do seu guarda-redes) para sustentar a sua ambiciosa declaração a antecipar o jogo com o tetracampeão. “O jogo vai começar. 0-0. A bola é redonda e vão estar onze de cada lado. Temos de acreditar nas nossas características, na nossa estratégia. Não vou dizer que é 90/10 ou 99/1”, declarou o treinador do Feirense, que se reencontrou na passada jornada com as vitórias (bateu o Rio Ave por 1-0), depois de uma série de quatro derrotas – à entrada para esta jornada, ocupa o nono lugar, com 11 pontos.

Também na última jornada o Benfica voltou às vitórias (3-1) na Vila das Aves e Rui Vitória quer continuar nesse registo dois dias depois de se cumprir o 14.º aniversário da inauguração do estádio da Luz para se manter na perseguição a FC Porto (que está cinco pontos à frente) e Sporting (que tem mais três). Mas o técnico “encarnado” está avisado para os méritos do Feirense e diz que prefere jogar contra equipas e treinadores ambiciosos: “Vai ser um jogo complicado. O Feirense é uma equipa solidária que sabe o que faz. Vai procurar mais o jogo de contra-ataque e é uma equipa que trabalha sempre. Apraz-me que haja equipas de menor dimensão com arrojo e dou os parabéns aos seus treinadores e parabéns ao Nuno.”

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