Quando Hélio Madeiras tirou a fotografia, preparava-se para abandonar o teatro de operações em Vieira de Leiria, para deslocar-se com a Força Especial de Bombeiros para outro incêndio no Centro do país. "Foi a última imagem que vi do incêndio, apesar de ter de deixar lá a minha família", explicou em declarações ao PÚBLICO. 

Passavam das 18 horas de domingo, quando este bombeiro profissional quis alertar os seus amigos e familiares sobre a situação: tirou a fotografia da tragédia e publicou-a nas redes sociais. A imagem foi partilhada milhares de vezes, chegando a ser divulgada no Twitter das Nações Unidas para as alterações climáticas.

Hélio Madeiras descreve um cenário assustador, vivido no terreno, tal como é visível na fotografia. O fumo negro cobriu as povoações por completo.

Depois de captar o momento, em Vieira de Leiria, o bombeiro foi destacado pela Autoridade de Protecção Civil para reforçar o combate ao incêndio em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu. 

"Não foi fácil abandonar a minha terra, deixar a minha esposa, também ela bombeira, e a minha filha", disse ao PÚBLICO num relato emocionado. 

Para o bombeiro profissional, que celebra 36 anos nesta segunda-feira, este é um dia particularmente difícil. Durante a noite, Hélio e os restantes membros da Força Especial de Bombeiros acabaram por ficar presos, numa estação de serviço em Vouzela, devido aos incêndios. Só conseguiram chegar ao destino já de madrugada.