“Dragão” sem tempo para brincadeiras

FC Porto entrou decidido a simplificar ao máximo uma tarefa que Aboubakar encaminhou num minuto, diante do Lusitano de Évora.

Fotogaleria
LUSA/MIGUEL A. LOPES
Fotogaleria
LUSA/MIGUEL A. LOPES
Fotogaleria
LUSA/MIGUEL A. LOPES
Fotogaleria
LUSA/MIGUEL A. LOPES

O FC Porto segue imperial para a próxima ronda da Taça de Portugal depois de ter atropelado, no Estádio do Restelo, um Lusitano de Évora que aguentou como pôde o ímpeto irresistível dos “dragões”, que vincaram com seis golos a intenção de não permitir a mínima veleidade ao candidato a tomba-gigantes.

Apesar de ter apresentado um “onze” com apenas três “repetentes” em relação ao jogo de Alvalade, criando uma falsa ideia de revolução necessária e ajustada às exigências do jogo, Sérgio Conceição não concedeu facilidades ao adversário. Na prática, as inúmeras alterações introduzidas não traduziram uma quebra de qualidade, já que, mesmo não sendo titulares indiscutíveis (pelo menos nos últimos tempos), as opções do técnico para esta partida foram de primeira linha, como são os casos insuspeitos de Óliver, André André, Otávio e Ricardo.

Independentemente de ter promovido duas estreias — Diogo Dalot e José Sá — e de ter chamado Hernâni (tinha 52 minutos de competição, repartidos por três jogos) o treinador do FC Porto não abdicou de pilares como Aboubakar, Brahimi e Marcano. Pelo menos na fase de construção da goleada. Mas, talvez ainda mais relevante, não alienou os princípios de uma equipa vencedora, aguerrida, combativa, determinada, que levou ao pé da letra as palavras do técnico e acelerou a fundo, com intenções seríssimas. O arranque supersónico do “dragão” só não provocou um rombo instantâneo no couraçado alentejano porque Aboubakar demorou a aquecer e Hernâni revelou nervosismo na carreira de tiro.

Mas quando Marcano subiu para mostrar os dentes ao Lusitano de Évora, os “locais” foram mesmo obrigados a suportar momentos de aflição. Apesar de não conseguir ligar duas jogadas seguidas na transição ofensiva, a equipa dos distritais de Évora tentou respirar como pôde. Mas o FC Porto não tardaria a quebrar a resistência, com Aboubakar a dar dois puxões de orelhas ao adversário no espaço de um minuto... primeiro a passe de Brahimi e depois a cruzamento de Dalot, defesa-direito que surgiu a cruzar na esquerda para a cabeça do camaronês.

Dalot fecharia a exibição com chave de ouro ao oferecer o sexto e o mais bonito golo da noite a Hernâni (90’), que marcou de calcanhar em golpe acrobático, com o veneno do escorpião. Mas antes de conseguir o valor máximo na nota artística, o FC Porto criara, num piscar de olhos, a verdadeira sensação de missão cumprida, o que, estranhamente, funcionou como fenómeno libertador do adversário. Já sem o fardo de ter apenas que suportar a muralha para suster o ímpeto portista, o Lusitano de Évora conseguiu aliviar um pouco o garrote para começar a insinuar-se e a surgir com intenção e até algum perigo junto da baliza de José Sá.

Mas, na verdade, esgotava-se aí qualquer esboço de construir algo mais, como um golo de honra, já que no regresso das cabinas o FC Porto liquidou todas as esperanças eborenses. Com Wenderson Galeno no lugar de Brahimi, o jogo tornou-se mais vertical, mais rápido, também fruto do desgaste do Lusitano, precipitando-se numa vertigem irreversível.

Depois de duas tentativas do extremo brasileiro da equipa B, Marcano deu a machada que faltava para derrotar, animicamente, um adversário já sem capacidade para voltar à tona. Embalados, Otávio e Galeno elevavam os números ao patamar da goleada que Hernâni confirmou, apesar das oportunidades desperdiçadas por um FC Porto já transfigurado, com diversos jovens da equipa B em acção, o que se notou nos momentos de definir, apesar da resposta positiva de Dalot e Galeno.

Sugerir correcção
Comentar