O curioso mundo da arte da Coreia do Norte

Fotografia de Thomas Peter/Reuters
Fotogaleria
Fotografia de Thomas Peter/Reuters

Os EUA são "destruidores da paz", lê-se num poster. "Ninguém invade o nosso céu azul!", grita mais um. E outro não poupa nas palavras: "As nossas armas e lanças não sabem o que é misericórdia. Os EUA não devem esquecer a lição da História." São estas algumas das mensagens, tão actuais quanto aparentemente anacrónicas, presentes em três dos posters de propaganda que encontramos nesta fotogaleria, que é um autêntico mergulho da Reuters no universo da arte de Pyongyang. E não só. Nos últimos anos, conta a agência noticiosa, milhares de artistas norte-coreanos, muitos deles levados pelo Mansudae Art Studio, o maior produtor de arte do país, montaram os seus estúdios na China, em Dandong. Uma região situada ao longo da fronteira com a Coreia do Norte, que, diga-se, se tem tornado popular entre os turistas, curiosos com a cultura e costumes do país que fica para lá do rio Yalu. Aí, os artistas produzem obras, de cartazes como estes a pinturas ou cerâmicas, para responderem à procura crescente pelo seu trabalho. "Os chineseses começaram a coleccionar arte e é muito mais fácil e barato conseguirem obter arte norte-coreana", explicou à Reuters Park Young-jeong, investigador no Korea Culture and Tourism Institute. Mas a história não fica por aqui.

 

Galerias e estúdios como o Mansudae, que é gerido por Pyongyang, têm desempenhado um papel "controverso", pois têm ajudado o país a conseguir financiamento no estrangeiro, contornando sanções e bloqueios. A arte, sublinha a Reuters, sempre foi vista como um "canal para entendimento mútuo", mas "isso está a mudar". Em Fevereiro, especialistas da Nações Unidas (ONU) acusaram uma divisão do estúdio Mansudae, o Mansudae Overseas Projects, de ser uma fachada do estado norte-coreano para encaixar dinheiro de acordos militares. Para além de monumentos e estátuas em pelo menos 15 países africanos, um relatório de Fevereiro dava conta que este projecto tinha construído instalações militares como fábricas de munições e bases na Namíbia.

 

Agora, desde que em Agosto foram aprovadas mais sanções à Coreia do Norte, o Conselho de Segurança da ONU colocou o Mansudae Art Studio numa lista negra, o que, dizem os diplomatas, irá "impedi-lo" de fazer negócios. E desde Setembro decretou que todos "as joint ventures com entidades ou indivíduos da Coreia do Norte devem ser finalizados no espaço de 120 dias ou até meados de Janeiro". Resta saber o que isto significa na prática para a arte da Coreia do Norte, e do respectivo boom na China, onde as notícias das sanções, pelo que parece, tardam em chegar. E não são motivo de preocupações. "Agora, mais do que nunca, precisamos de avenidas como a arte para criar entendimentos entre a Coreia do Norte e o resto do mundo", reagiu Ji Zhengtai, responsável pelo estúdio oficial do Mansudae em Pequim. Também o gerente do centro de Dandong que trabalha em parceria com o Mansudae desvaloria: "Nós não fazemos política. Nós fazemos arte".

Fotografia de Thomas Peter/Reuters
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