Transportes Urbanos de Braga aventuram-se pela “Internet das Coisas” em parceria com a IBM

A empresa municipal de transportes vai ter uma plataforma capaz de receber, tratar e disponibilizar informação de todos os softwares por ela utilizados, na sequência de um contrato com a IBM

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HUGO DELGADO

Autocarros com Internet sem fios a bordo e aplicações móveis capazes de informarem, em tempo real, quantos metros uma viatura dista de uma paragem, quanto tempo falta até chegar ao destino ou até simuladores de percurso vão tornar-se realidade para qualquer cliente dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) após um período de testes em algumas das 73 linhas, graças ao contrato que vai ser formalizado nesta terça-feira com a IBM.

“Trata-se de instalar nos TUB uma plataforma que consegue interagir com todos os outros softwares porque, nas empresas, muitas vezes, há softwares que não ‘falam’ entre si”, explicou o administrador da empresa, Baptista da Costa, frisando que tanto o público, como a empresa e a própria autarquia se vão poder servir de um processo que se enquadra no conceito de “Internet das coisas” — apesar de não existir ainda uma definição formal pelo Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE), a maior associação de profissionais de tecnologia a nível mundial, o conceito enquadra-se na comunicação entre dispositivos físicos.

“Tudo o que estamos a falar aqui tem a ver com a Indústria 4.0, que é a designação europeia, ou ‘Internet das coisas’, como se diz nos EUA. Com a IBM, vamos ter uma plataforma de controlo inteligente para recolher e tratar os dados para, depois, podermos disponibilizá-los”, disse o responsável, mencionando ainda que a plataforma vai conseguir prestar informações sobre, por exemplo, a “manutenção” do motor, o “comportamento do motorista” ou até a relação do veículo com a sinalização.

O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, que também vai marcar presença na assinatura do contrato, salientou que a parceria vai criar “um relacionamento mais estreito” com os utilizadores dos transportes — os autocarros transportaram, em 2016, mais de 11 milhões de passageiros num concelho com 181.494 habitantes —, ao tornar a informação mais transparente e mais útil para quem a consulta.

O anúncio do contrato com a empresa de computação norte-americana acontece uma semana depois dos TUB terem estabelecido uma parceria com a Bosch, multinacional alemã com uma unidade produtiva na cidade minhota, responsável pela “instalação de novos sistemas de sensores para a condução”, que identificam “oportunidades de melhoria da condução” e as “próprias condições da via”, explicou Ricardo Rio. Acresce ainda uma outra parceria com a também alemã Siemens, que vai ficar encarregue da electrónica e dos motores dos veículos eléctricos que, a partir do primeiro semestre do próximo ano, vão percorrer as estradas do concelho, avançou Baptista da Costa.

“Importante é também referir que temos parcerias com a Universidade Católica, a Universidade do Minho e o IPCA, com trabalhos já em curso. Temos já concluídas oito dissertações de mestrado sobre transportes e mobilidade em Braga e três doutoramentos em curso. O desenvolvimento ocorre na base do conhecimento”, acrescenta

Aposta em veículos eléctricos

Os TUB adjudicaram à CaetanoBus o fabrico de 31 viaturas totalmente eléctricas — um investimento de 14 milhões de euros — na sequência de um Concurso Público Internacional encerrado a 20 de Julho, e seis desses veículos vão reforçar a frota da empresa já no próximo ano graças a um financiamento do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR).

Além das melhorias tecnológicas, o município pretende, através da rede de transportes públicos, aliviar o centro da cidade do “volume de tráfego que hoje existe” e criar condições, a par de “outros meios amigos do ambiente”, como a pedonalização e a bicicleta, ter uma “menor pegada ecológica” e menos emissões poluentes, disse Ricardo Rio ao PÚBLICO.

O administrador dos TUB realçou que a empresa já não tem nenhum autocarro que emita “enxofre”, “azoto” e “fumos opacos” e defendeu que os veículos eléctricos, além de não poluírem, são “silenciosos” e vão marcar um “novo paradigma” na tentativa de “descarbonização da cidade” e de promover a “qualidade de vida das pessoas”, apesar de, a seu ver, o automóvel oferecer facilidades a nível de deslocação.     

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