Falha na detonação de bomba evitou tragédia no metro de Londres

Ataque, já reivindicado pelo Daesh, provocou 29 feridos. Um suspeito terá sido identificado através das imagens de videovigilância mas ainda não foi capturado. Governo britânico elevou o nível de alerta.

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Uma bomba artesanal colocada em plena hora de ponta numa carruagem de Metro no sudoeste de Londres feriu várias pessoas e provocou cenas de pânico entre os passageiros. O engenho não terá explodido na totalidade, o que limitou o número de vítimas daquele que foi o quinto ataque no Reino Unido em apenas seis meses e o quarto reivindicado pelo Daesh. Já esta noite, as autoridades decidiram elevar o nível de alerta terrorista, admitindo que poderá estar iminente uma nova acção.

“O engenho destinava-se a causar danos significativos”, afirmou a primeira-ministra britânica, Theresa May. Inicialmente o Governo decidiu reforçar apenas o patrulhamento visível nos transportes públicos de Londres. No entanto, e já depois de o ataque ter sido reivindicado pelo grupo jihadista (através da agência de propaganda Amaq), May anunciou que o nível de alerta em todo o país foi elevado para “crítico”, o mais elevado da escala — a última vez que isso aconteceu foi após o atentado na Arena de Manchester, a 22 de Maio. Segundo a primeira-ministra, o Exército assumirá parte das funções actualmente desempenhadas pelos agentes armados da polícia.

A prioridade é agora identificar quem colocou a bomba na carruagem e determinar se há mais do que um envolvido no ataque. O mayor de Londres, Sadiq Khan, anunciou durante a tarde que estava em curso uma “caça ao homem” e fontes policiais citadas pela imprensa adiantaram que um suspeito terá sido identificado através de videovigilância. Mas a Scotland Yard garante que ainda ninguém foi detido. As atenções centram-se também nas perícias ao que restou do engenho — colocado dentro de um balde de plástico e envolto num saco térmico de supermercado, segundo imagens captadas por passageiros, ao qual terá sido acoplado um circuito electrónico.

Em resposta a um tweet do Presidente norte-americano Donald Trump (que depois de condenar o ataque referiu que a polícia já tinha os suspeitos na mira), a primeira-ministra britânica disse apenas que não é útil que se especule sobre a investigação em curso.  

A bomba foi deixada na penúltima carruagem de um comboio que tinha saído de Wimbledon, num dos extremos da District Line, em direcção centro de Londres, e foi detonada cerca das 8h20, quando a composição estava parada na estação de Parsons Green, situada à superfície. “Não foi uma grande explosão, foi mais um estrondo e logo a seguir fogo”, contou ao jornal Guardian Gillian Wixley, que estava sentada a curta distância da bomba. “Senti uma bola de fogo quente e intensa sobre a minha cabeça”, acrescentou à BBC Peter Crowley, que sofreu queimaduras no rosto e na cabeça.

Várias pessoas sofreram queimaduras, superficiais na maioria dos casos, mas o pânico agravou a situação, com muitos passageiros a a atropelarem-se nas escadas de acesso à saída. “Havia pessoas a cair, a desmaiar, a chorar. Havia crianças apertadas atrás de mim, uma mulher grávida que na confusão perdeu os sapatos e caiu”, disse ao Guardian outro passageiro. Foram hospitalizadas 29 pessoas, nenhuma das quais com gravidade.

A zona em redor da estação foi evacuada, a circulação de metro cortada entre as estações de Earl’s Court e Wimbledon e a unidade de contraterrorismo da Scotland Yard não demorou a assumir a condução das investigações, que conta com o apoio dos serviços secretos britânicos.

Pouca sofisticação

Hans Michels, professor de Engenharia do Imperial College London especialista em explosivos, disse à Sky News que a bomba “parece muito semelhante”, na forma e no conteúdo, às usadas nos atentados falhados de 21 de Julho de 2005, quando quatro extremistas islâmicos tentaram imitar os ataques que duas semanas antes tinham provocado 52 mortos nos transportes da capital. “Posso especular que ou a mistura [de químicos] não tinha a composição certa ou o sistema de ignição não era o adequado ou não foi colocado correctamente”, afirmou.

Margaret Gilmore, do Royal United Services Institute, afirma que a pouca sofisticação do engenho e a forma como foi colocado sugere “que se tratou de uma acção individual”.

Uma convicção partilhada por dois responsáveis da polícia e dos serviços secretos norte-americanos, ouvidos pela Reuters, acrescentando que o modus operandi aponta para um ataque perpetrado, não por uma célula organizada, mas por indivíduos radicalizados pela propaganda do Daesh, à semelhança dos autores de três dos quatro ataques terroristas registados em Londres e Manchester desde Março e que, no total, fizeram 36 mortos. Segundo as mesmas fontes, nas últimas semanas, o grupo jihadista, que durante o Verão sofreu derrotas pesadas na Síria e Iraque, divulgou vídeos apelando aos seus seguidores para atacarem transportes públicos nos seus países.

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