Português cria software para manobrar drones em espaços fechados

O projecto CMosquitoII, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, quer provar o benefício da utilização dos drones em espaços onde outros robôs não são viáveis

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Kaleb Kendall/Unsplash

Manobrar veículos aéreos não tripulados ou drones em espaços fechados, como casas e armazéns, será mais "simples e intuitivo" graças a uma nova componente de software que está a ser desenvolvido por um investigador do Porto.

Com o projecto CMosquitoII, pretende-se possibilitar e mostrar o benefício da utilização deste tipo de veículos, especialmente em situações onde a utilização de outros robôs, como os terrestres, não são viáveis, disse à Lusa o investigador Eduardo Miguel Leitão Grifo, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).

Exemplos disso são o sector do retalho, onde podem detectar falhas no stock, o mapeamento do interior de edifícios e as soluções no âmbito da vida em ambientes assistidos, direccionados para apoio a idosos e doentes, indicou. No entanto, de acordo com o responsável pelo projecto, controlar este veículos aéreos não tripulados ou drones em espaços fechados apresenta vários desafios, entre os quais o fraco sinal de GPS, quando disponível, o requerimento de um alto nível de exactidão nos movimentos realizados e um planeamento complexo de trajectórias.

"Com este trabalho pretende-se oferecer, aos programadores de aplicações para drones, um conjunto de ferramentas de software que permitam interagir com o mesmo, de forma simples e intuitiva", com comandos "simples" como "andar para a frente x metros", "ir para a posição x, y ou z", ou mesmo "voltar à base", explicou. Esta componente de software, desenvolvida no formato de uma biblioteca de funções, deverá ser integrada por programadores nas suas aplicações, sem que necessitem de conhecimentos prévios em relação ao hardware que constitui a plataforma, às dinâmicas de voo ou aos métodos de localização, contou o investigador.

Além do "controlo de alto nível dos drones", continuou, esta componente de software será preparada para que o programador não necessite de um conhecimento prévio do ambiente onde o veículo vai operar. A modularidade do sistema, por sua vez, possibilitará ao utilizador a fácil adição, remoção ou alteração de módulos, tanto de software como hardware, disse ainda o responsável.

Actualmente, existem no mercado diversas componentes dispersas que permitiriam manobrar um drone em ambientes fechados, como hardware apropriado, sistemas de posicionamento e algoritmos precisos de voo, entre outros. Contudo, segundo o investigador, não existe uma solução integrada, "com uma visão abrangente de todas as componentes do sistema", que permita controlar um drone num "nível superior de abstracção, de forma simples e intuitiva".

A etapa seguinte do CMosquitoII passa por trabalhar a robustez do sistema e dotá-lo de mais mecanismos de protecção contra falhas, para que seja seguro operá-lo em ambientes fora de laboratório. A médio prazo, o objectivo é escalar o sistema para múltiplos drones, que cooperem entre si.

Este é um dos 14 projectos criados por alunos de diferentes faculdades com o apoio do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, sediado no Porto, no âmbito de uma iniciativa anual que lhes permite desenvolver o seu trabalho orientado para a criação de soluções práticas que contribuem para a qualidade de vida da população. Para além de Eduardo Miguel Leitão Grifo, participam no projecto os investigadores Dirk Christian Elias, da FEUP, e Duarte Miguel dos Santos Nunes Folgado e Manuel Campos Monteiro, da Fraunhofer Portugal AICOS.

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