Criar valor é crucial para a sustentabilidade da Saúde

Pela parte dos operadores privados da Saúde, o que sentimos é que a dinâmica, a motivação e os nossos recursos devem ser aproveitados no sentido de melhorar o sistema de Saúde, aumentar o valor gerado e também reduzir a despesa pública.

A estruturação de um sistema de saúde forte, capaz e acessível é uma prioridade de cada um de nós e de todo o país. Necessitamos de um bom sistema de saúde, que nos dê a segurança de termos disponíveis os diagnósticos e os tratamentos adequados, porque esta premissa aumenta o bem-estar e potencia a forma como utilizamos e desfrutamos as nossas vidas. Esta segurança não exclui a responsabilidade mas antes exige uma responsabilidade partilhada a par com o compromisso que cada um de nós assume por si e pelos que nos são mais próximos.   

É pela extrema importância da Saúde que nos preocupamos com a existência de um sistema de saúde robusto para (se) quando dele precisarmos. Este é o sentido último da discussão que em Portugal e no mundo temos sobre a sustentabilidade dos sistemas de saúde. Um sistema de Saúde não é algo de instantâneo nem pode estar apenas latente. Por isso, o sistema de Saúde que queremos para daqui a 10 ou 15 anos tem que ser estruturado desde já.

Não havendo respostas mágicas ou universais, tentamos cada vez mais aproximarmo-nos de uma verdadeira reforma no sentido da sustentabilidade, ou seja, que não se restrinjam a medidas de curto prazo, paliativas ou de adiamento de soluções. 

Nas últimas semanas, a consultora Augusto Mateus & Associados divulgou um estudo, promovido pelo Millennium bcp, em que de forma lúcida e lapidar enquadra a questão: “No passado, a temática da sustentabilidade era analisada sobretudo numa ótica orçamental ou financeira, redundando na adoção de medidas diretamente tendentes à redução de custos. De há uns anos a esta parte, é cada vez mais comum a sensibilização para a relevância dos resultados/impactos gerados pelas medidas tomadas nos doentes, defendendo-se que a efetiva sustentabilidade passa por maximizar a satisfação dos doentes e por lhes prestar um serviço personalizado, que também será poupador de recursos”.

Enquanto a Saúde for encarada como um custo a tentação é cortá-lo, sendo que há um limite para o exercício e, em determinados níveis, as suas repercussões não serão socialmente aceites (veja-se, meramente a título de exemplo, a atual discussão nos Estados Unidos sobre o ObamaCare).

Enquanto a Saúde for analisada apenas pela componente orçamental as políticas serão de curto prazo e sem uma verdadeira avaliação sobre o estado de Saúde da população.

A resposta, que não é fácil, passa por uma reforma que alicerce a sustentabilidade do sistema de Saúde na geração de valor e no foco no cidadão.

A reforma da Saúde exige novas abordagens, em que, salvaguardadas as questões de acesso, os ganhos de eficiência do sistema e a geração de valor para os cidadãos sejam os critérios essenciais. O que se defende é que, cada vez mais, as instituições de Saúde atuem segundo o princípio do value-based healthcare, o que implicará que os sistemas de incentivos sejam alinhados com a resolução dos problemas de saúde dos cidadãos e não com o aumento da produção ou a utilização de uma determinada tecnologia ou instituição.

Como em tempos apelou o Presidente da República, este é o tempo de procurarmos soluções estruturais e a Saúde, sendo uma questão de interesse nacional, é um domínio em que é possível atingir um consenso nacional.

Pela parte dos operadores privados da Saúde, o que sentimos é que a dinâmica, a motivação e os nossos recursos devem ser aproveitados no sentido de melhorar o sistema de Saúde, aumentar o valor gerado e também reduzir a despesa pública. 

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