São uma associação singular em Portugal, a única que se dedica exclusivamente à preservação e protecção dos ouriços. Mas vivem num braço de ferro constante com um orçamento demasiado curto para as necessidades. Depois de um espaço garantido para se instalarem — cedido pela Câmara Municipal da Maia —, a Amigos Picudos procura apoio para equipar o espaço através de uma campanha de crowdfunding que ambiciona angariar 2500 euros até 20 de Setembro.

O nome já está escolhido. O CRIDO - Centro de Recuperação e Interpretação do Ouriço será um espaço inteiramente dedicado aos ouriços europeus, espécie autóctone em declínio em toda a Europa. A ideia da fundadora Clarisse Rodrigues é dar continuidade ao trabalho que tem feito quase por carolice, num espaço improvisado, desde Janeiro de 2013.

Noutros países europeus, a protecção destes animais tem sido levada mais a sério. Mas em Portugal “nem sequer há estudos” sobre esta espécie, contou ao P3 em 2016. “Efectivamente, [os ouriços] estão em extinção. Há 50 anos, havia 36 milhões em Inglaterra. Neste momento, há apenas um milhão. Teve uma taxa de declínio igual à dos tigres.”

Os ouriços, denuncia, são “alvo da actividade desenfreada do ser humano: perda de habitat, agricultura mecanizada, pesticidas, atropelamento, acidentes por instrumentos de jardinagem, alterações climatéricas, maldade humana”. Tudo isto os põe em perigo e torna o trabalho da associação imprescindível e difícil.

A Amigos Picudos tem como objectivos principais informar as pessoas sobre os cuidados a ter quando se encontra um ouriço europeu, a única espécie presente em Portugal e que é proibido ter em casa, e ajudar a comunidade de donos dos ouriços pigmeus africanos, animais domésticos que estão na moda, a conhecer melhor os bichos. A pedagogia, nomeadamente através de visitas a escolas, também faz parte das actividades. 

Com a criação do CRIDO, o apoio poderia ser bem maior. “Estamos convictos que o único mamífero com picos da Europa, considerado como uma espécie bandeira, merece um enfoque especial”, escrevem no texto de apresentaçãoo da campanha de crowdfunding.

O espaço para a instalação do novo centro está garantido e a Lush Portugal apoiou financeiramente o projecto. Mas não chega. “Para além das obras, falta algum do recheio (mesas e balcões em inox, estantes, cadeiras, autoclave [máquina de esterilização, incubadora, estetoscópio, material de enfermaria, etc.).”

Qualquer euro conta, diz Clarisse Rodrigues, sublinhando que não é preciso apoiar com elevados montantes para ser útil. Se a meta dos 2500 euros for atingida, o CRIDO deverá abrir portas ainda no Outono.