Mundiais de atletismo: Francis surpreende Miller e Felix na volta à pista

Numa final dramática nos Mundiais de Londres, a campeã olímpica lesionou-se perto da meta e viu fugir-lhe a hipótese de uma medalha. Nos 200m, Isaac Makwala, recuperado da virose que o afectara, desbravou caminho até à final .

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Karsten Warholm conquistou o ouro nos os 400m barreiras masculinos Reuters/JOHN SIBLEY

Um dia depois da final masculina dos 400m, a jornada molhada desta quarta-feira no Estádio Olímpico de Londres proporcionou também a realização da final feminina da mesma distância, ao sexto dia de competição. Tal como nos Jogos do Rio de Janeiro do ano passado, o embate entre a americana Allyson Felix, de 31 anos, a atleta mais medalhada em Campeonatos do Mundo (13 medalhas, nove de ouro) e a jovem Shaunae Miller, das Bahamas, nove anos mais nova, gerava muita expectativa, mas desta vez foi Felix a superar Miller. A pior notícia, neste caso para ambas, foi o facto de terem sido superadas por duas outras atletas, com a também americana Phyllis Francis a sagrar-se campeã mundial da especialidade.

Sob chuva insistente, Felix partiu na pista cinco e tinha Miller como bom alvo, dado que esta estava na pista sete. Entraram ambas muito fortes, com vantagem para Miller, e logo pareceu que a corrida seria um campeonato particular entre as duas. A atleta das Bahamas entrou na recta da meta com claro avanço, enquanto Felix começava a ser apertada por Francis e pela sensacional Salwa Eid Naser, do Bahrein, ainda júnior e antiga campeã mundial juvenil.

As três aproximaram-se paulatinamemne de Miller, mas esta tinha uma vantagem que parecia segura até, subitamente, com um esgar de dor, a 30 metros do final perder por completo o andamento, reduzindo a passada abruptamente e caindo para o quarto lugar. As suas rivais lançaram-se ao mesmo tempo sobre a meta e Francis, de 25 anos, conseguiu ser a melhor, com um recorde pessoal de 49,92s, adiante de Naser, que bateu o recorde nacional com 50,06s, e Felix, que tardou mais dois centésimos. Shaunae ficou com o tal magro quarto lugar, com a marca de 50,49s.

Das três finais do dia, que marcou a arrancada da segunda metade dos Mundiais, houve mais a realizar-se sobre 400m, neste caso os 400m barreiras masculinos. Esta competição veio a dar uma vitória sensacional ao norueguês Karsten Warholm, um jovem atleta de 21 anos que se destacou nas provas múltiplas enquanto júnior. Warholm era candidato a uma medalha, mas o ouro parecia de mais, dado que na pista quatro, mesmo por detrás dele, partia o campeão olímpico (e campeão mundial em 2007 e 2009). o americano Kerron Clement. Clement não precisou de ir aos trials americanos, pois tinha entrada garantida nos Mundiais após ter vencido a Liga de Diamante do ano passado, e após um início de temporada muito discreto tinha vindo a subir de forma. De tal forma que, a 9 de Julho, havia obtido, em Londres, a segunda melhor marca de 2017, com 48,02s.

O norueguês arriscou tudo, numa pista encharcada e algo perigosa, fazendo uma primeira metade de prova com 13 passadas entre as barreiras, o que não conseguiu manter na recta final. Ainda saiu na frente no último obstáculo, mas poderia não ter resistido ao regresso de Clement, só que este saiu mal dessa barreira e Warholm resistiu de maneira improvável para uma vitória em 48,35s, sem precisar de retocar sequer o seu máximo pessoal, um décimo mais rápido.

Com um grande final, o turco (de origem cubana) Yasmani Copello chegava à prata (48,49s) e Clement ficava no último lugar do pódio (48,52s). Quem perdeu uma hipótese de medalha foi o quatari Abderrahman Samba, depois de ter tocado com força na última barreira, acabando por se desorientar.

A classe de Makwala

No peso feminino, título mundial lógico para a chinesa Gong Lijiao, com 19,94m, tendo a húngara Anita Martón saltado do quarto para o segundo lugar no lançamento final (19,49m), relegando a campeã olímpica, a americana Michelle Carter, para terceiro (19,14m).

A jornada começou de forma curiosa, com Isaac Makwala, do Botswana, sozinho em pista para fazer os 200m em contra-relógio e assim tentar a sua passagem às meias-finais da distância, que se disputaram mais tarde. O africano falhara a presença nas eliminatórias em função de um vírus que entrou em hóteis das várias delegações presentes em Londres. E, com grande classe, o líder mundial (19,77s) do ano correu em 20,20s, “entrando” nas meias-finais.

Correu logo a primeira delas, na pista um e, em segundo lugar (20,14s), apurou-se para a final, imediatamente atrás do americano Isiah Young (20,12s). Nessa mesma corrida esteve muito bem o português David Lima, finalizando a prova em quarto lugar, com 20,56s (vento a mais 2,1 m/s), tempo que não lhe permitiu, porém, a repescagem para a final.

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