Mo Farah leva de novo ao rubro a mítica pista de Londres

Fundista britânico venceu a final dos 10.000m e somou o terceiro título mundial consecutivo nesta distância, naquela que foi a sua despedida da pista em Mundiais.

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A primeira jornada da 16.ª edição dos Campeonatos Mundiais de atletismo, que nesta sexta-feira começaram a disputar-se na pista londrina que serviu de palco aos Jogos Olímpicos de 2012, não poderia ter começado da melhor maneira para o país anfitrião, que tanto empenho tem mostrado na sua organização. A final dos 10.000m masculinos, a única do dia, tinha em Mo Farah o grande favorito, na tentativa de chegar à terceira dobradinha (5000 e 10.000 metros) consecutiva em Mundiais. Farah era o sobrevivente daquele trio magnífico que ganhou medalhas de ouro para os britânicos nos Jogos, pois a heptatlonista Jessica Ennis-Hill já pôs um ponto final na carreira e o saltador em comprimento Greg Rutherford viu-se constrangido a abdicar do certame devido a lesão. E cumpriu com brilhantismo.

O público londrino, e britânico em geral, teve o que queria. Mais uma vez custou, mas foi. A jornada acabou em festa com Farah dentro da pista, rodeado pelos três filhos, o mais novo dos quais ainda a dar os primeiros passos. "Todos temos de saber quando parar e é óptimo sair desta forma", confessou o campeão no final, confirmando o adeus às pistas em Campeonatos do Mundo.

De resto, o ambiente estava preparado para tudo acabar em bem, estádio cheio, expectativa que quase se podia tocar fisicamente, tão densa que era. E, como se esperava, os leste-africanos, quenianos, ugandeses, etíopes e eritreus tomaram o comando da corrida com o jovem ugandês Joshua Cheptegei a impor um primeiro quilómetro em 2m39,48s, logo com indícios para um tempo final abaixo dos 28 minutos. Cheptegei ainda comandava aos 3km em 8m09,13s e Farah mantinha-se no meio do largo pelotão, em controlo completo.

Os três quenianos de serviço eram, curiosamente os mesmos quen há dois anos em Pequim tentaram impedir o triunfo de Farah, ou seja, Bedan Karoki, Paul Tanui e Geoffrey Kamworor, este o peso-pesado da equipa, pois já foi campeão mundial da meia-maratona maratona (há dois anos, à frente de Farah) e depois de crosse. Perto do meio da prova, foram-se revezando no comando e ficou claro que o jogo de equipa era uma opção para desgastar Farah — e os outros rivais.

A Etiópia, por seu lado, apresentava uma equipa renovada e jovem liderada por Abadi Hadis, líder do ano (27m08,26s), e manteve-se sempre pela frente, mas quase nunca assumindo o comando. À entrada do sétimo quilómetro, foi um vizinho, o eritreu Aron Kifle, quem tentou um esticão, todos responderam, mas logo para diante uma primeira clivagem séria aconteceu, ficando nove na frente. Este grupo ainda perdurou até aos 8km (21m40,97s) e 9 km (24m20,06s), quando Farah rapidamente se colocou na frente e passou a esticar o andamento.

O britânico chegou a tropeçar e a pôr um pé fora da pista, por dentro, mas acabaria ( pelo menos até à entrega das medalhas verificada logo a seguir) por não se colocar a questão da sua desqualificação. Paul Tanui resistiu até à última volta, mas paulatinamente o britânico acabaria por ganhar um par de metros de vantagem, controlando como sempre os acontecimentos, enquano Cheptegei ainda tinha um último assomo para chegar à medalha de prata.

Tudo isto a um ritmo de uma exigência brutal, com muitas acelerações e períodos de acalmia, que acabaram para ditar para Mo Farah um tempo extraordinário de 26m49,51s, não muito longe do seu recorde da Europa (26m46,57s), estabelecido em 2011. Farah chega assim a um inédito feito, o de dez vitórias consecutivas em grandes campeonatos, Jogos Olímpicos e Mundiais, em 5000m e 10.000m , e pode elevar na distância mais curta esse total para onze, mais para diante nestes Mundiais.

Agora, aos 34 anos, vai abraçar a carreira na estrada, tentando seguir as pisadas de antecessores seus, como Haile Gebrselassie e Paul Tergat, que a seguir à pista chegaram ao recorde mundial na maratona.

O dia foi ainda marcado pelas eliminatórias dos 100m (ver texto ao lado) e por várias outras qualificações, envolvendos dois atletas portugueses. David Lima foi eliminado na sua série de 100m, a segunda da tarde depois das preliminares, acabando sétimo com 10,41s. Marta Pen foi oitava na segunda série dos 1500m femininos e os seus 4m10,22s não lhe permitiram a repescagem para as meias-finais. Interessante facto foi a presença nesta distância da polémica sul-africana Caster Semenya, campeã olímpica dos 800m. Semenya esteve à-vontade e só perdeu na sua série para a recordista mundial etíope Genzebe Dibaba (4m02,67s contra 4m02,84s), pelo que fica enorme curiosidade quanto ao que possa fazer a seguir.

Nas qualificações de provas mais técnicas é de notar a eliminação, no salto com vara feminino, da antiga campeã olímpica e mundial, a norte-americana Jenn Suhr, que não conseguiu sequer passar uma fasquia, falhando a altura incial a 4,55m.     

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