Empresária diz ter confirmado nomes de 73 mortos em Pedrógão Grande

Isabel Monteiro cruzou dados de hospitais, bombeiros e agências funerárias, e forneceu ao jornal i uma lista de vítimas mortais da tragédia maior do que a oficial.

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Governo diz que número de mortos é 64, mas população desmente os números Paulo Pimenta

Não são 64 nem 65, mas pelo menos 73 as vítimas mortais do incêndio em Pedrógão Grande, garante Isabel Monteiro, que foi para o terreno contar as vítimas uma a uma. A empresária de 57 anos, natural de Lisboa, queria construir um memorial na Estrada Nacional 236. Quando começou a recolher os primeiros nomes da lista de vítimas, junto de famílias e agências funerárias, percebeu que a lista total de mortos era mais extensa do que a oficial divulgada pelo Governo, diz ao jornal i.

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Não são 64 nem 65, mas pelo menos 73 as vítimas mortais do incêndio em Pedrógão Grande, garante Isabel Monteiro, que foi para o terreno contar as vítimas uma a uma. A empresária de 57 anos, natural de Lisboa, queria construir um memorial na Estrada Nacional 236. Quando começou a recolher os primeiros nomes da lista de vítimas, junto de famílias e agências funerárias, percebeu que a lista total de mortos era mais extensa do que a oficial divulgada pelo Governo, diz ao jornal i.

A notícia surge dias depois de o Expresso escrever que a lista de 64 mortos do incêndio de Pedrógão Grande exclui vítimas indirectas e que houve pelo menos 65 mortos.

De acordo com a empresária, o número de mortos pelo incêndio será ainda maior do que os 73 nomes que já terá confirmado – Isabel Monteiro diz mesmo que o número pode ultrapassar uma centena. “Ao verificar se os dados da imprensa estavam correctos, comecei a ir de família em família, a abordar bombeiros e cheguei a contar as campas frescas de um dos cemitérios para confirmar que os números são superiores. Parece macabro mas tive de o fazer”, conta ao i. O resultado é publicado esta segunda-feira naquele diário, que cita nomes de cadáveres encontrados depois da lista oficial de mortos ter sido divulgada.

O jornal relata ainda o clima de “medo” que se vive entre a população e a “pressão” para que não se discuta mais o número oficial de mortos.

Os tabus oficiais sobre a tragédia de Pedrógão

A lista não foi divulgada pelas autoridades, que se recusam fazê-lo alegando que o caso está “em segredo de justiça”, no âmbito do processo-crime que investiga as circunstâncias das operações de combate ao fogo e de resgate às vítimas.

Ainda no sábado, o Governo apressou-se a garantir que os números conhecidos eram os correctos. O Ministério da Administração Interna e a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) reiteraram que 64 vítimas mortais é o número "validado e confirmado pelas autoridades competentes", nomeadamente pelo Instituto de Medicina Legal, com base "nos dados disponibilizados até ao momento". Também o primeiro-ministro vincou que "já está tudo esclarecido".

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, em Leiria, no dia 17 de Junho provocou oficialmente 64 mortos e mais de 200 feridos e apenas foi dado como extinto uma semana depois.