PSD-Porto acusa de deslealdade o seu porta-voz na Assembleia Municipal

Luís Artur defendeu a forma como o executivo de Rui Moreira geriu o caso Selminho, na última assembleia extraordinária.

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Segundo Miguel seabra (em segundo plano), Luís Artur não respeitou o combinado com o partido pp paulo pimenta

O líder da concelhia PSD/Porto, Miguel Seabra, revelou hoje à Lusa que pretende reunir-se "quando for oportuno" com o líder do PSD da Assembleia Municipal (AM) do Porto, Luís Artur Pereira, que acusa de "falta de lealdade". Em causa está a intervenção do deputado na última assembleia municipal extraordinária, dedicada ao caso Selminho, em que saiu em defesa da forma como o executivo de Rui Moreira geriu o processo.

Questionado sobre se o facto de ser público que Luís Artur Pereira discorda da escolha do independente Álvaro Almeida como candidato do PSD/PPM à câmara do Porto pode pôr em causa o cargo como líder da AM, Miguel Seabra afirmou que "discordar politicamente de uma decisão de um partido plural é normal" mas "não ser leal com o partido é diferente".

"Tivemos uma reunião preparatória no sábado de manhã sobre a Assembleia Municipal [que decorreu na segunda-feira à noite], combinou-se uma coisa e o deputado Luís Artur fez outra. Esta falta de lealdade é indesculpável. De qualquer maneira, não irei tomar nenhuma decisão sem ter uma conversa com ele, o que irá acontecer quando for oportuno", disse Miguel Seabra.

O líder do PSD/Porto avançou que será perguntado a Luís Artur Pereira "o que pretende fazer" e, questionado sobre se o responsável da bancada social-democrata na AM será convidado a abandonar o cargo, Miguel Seabra reiterou que "nada está decidido" e recordou um caso ocorrido há quatro anos nas anteriores eleições autárquicas.

"Ele [Luís Artur Pereira] era conhecido pelo 'Torquemada' do PSD por causa da história de matar toda a gente que fosse infiel. Foi o deputado que liderou um pedido de expulsão de dezenas de militantes do PSD por terem apoiado uma candidatura que não era a do PSD. Obviamente que, se eu fosse a fazer o mesmo que ele fez, já tinha entrado no conselho de jurisdição nacional um pedido de expulsão desse mesmo deputado", referiu Miguel Seabra.

A agência Lusa tentou contactar o deputado Luís Artur Pereira, mas até ao momento não foi possível obter um comentário.
O líder da concelhia PSD/Porto falava à Lusa esta tarde à margem de uma visita à zona de Campanhã levada a cabo pelo do candidato Álvaro Almeida, o qual, sobre esta matéria referiu que não querer interferir nas decisões dos órgãos do PSD.
"Não sou militante do PSD. Eles farão o que entenderem", disse Álvaro Almeida.

O candidato pela coligação Porto Autêntico (PSD/PPM) aproveitou para esclarecer notícias que dão conta de que este teria chamado "traidor, populista e déspota" ao atual presidente da câmara do Porto, o independente Rui Moreira.
"No sábado [na Convenção Autárquica do PSD que se realizou na Maia] referi-me ao modelo de governação que neste momento existe em alguns municípios e em particular na câmara do Porto. Falei de modelos de governação, não falei de pessoas. O que eu disse foi que o modelo de governação em que há uma lista sem afiliação política, sem princípios políticos, gera e incentiva um tipo de comportamentos", apontou Álvaro Almeida.

O candidato defendeu que "os comportamentos baseados apenas na vontade de quem manda, vontade essa que é apenas legitimada pelo facto de estar no poder, é uma das características que o dicionário aponta para os governos do tipo de despotismo". "Esse tipo de comportamentos autoritários que assentam apenas na vontade de uma pessoa tendem a gerar tendências autoritárias que se veem, por exemplo, na dificuldade em lidar com uma imprensa livre e democrática e isso são características que se observam na câmara do Porto e na pessoa do seu presidente, mas repito que estamos a falar de modelos de governação e não de pessoas", concluiu.

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