Kiluanji Kia Henda vence prémio Frieze

A proposta do artista angolano foi escolhida entre as candidaturas de mais de 500 artistas de 82 países.

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O artista angolano Kiluanji Kia Henda, de 37 anos, é o vencedor do prémio Frieze do corrente ano. O prémio recebeu candidaturas de mais de 500 artistas de 82 países, entre os 25 e os 40 anos de idade, tendo Kiluanji apresentado o projecto Under The Silent Eye Of Lenin, em que propõe abordar o culto do marxismo-leninismo em Angola, após a independência, relacionando-o com as práticas de feitiçaria ainda durante a guerra civil e as narrativas de ficção científica usadas pelas potências durante a chamada Guerra Fria.

De 4 a 8 de Outubro, Kiluanji irá apresentar essa nova instalação em Londres no âmbito dos Frieze Projects, um conhecido programa curatorial que integra a feira anual Frieze, na qual participam mais de 160 galerias de todo o mundo.

O prémio Frieze foi criado em 2014, ano em que ganhou Mélanie Matranga. A americana Rachel Rose foi a vencedora em 2015 e em 2016 o prémio foi entregue a Yutti Pattinson.

Curador dos Frieze Projects e um dos membros do júri que elegeu Kiluanji como vencedor, o suíço Raphael Gygax argumenta que o artista angolano é “uma voz vital da sua geração”, utilizando a “sátira para falar de política e do legado do colonialismo em África, destruindo os estereótipos que ainda vão persistindo".

Já este ano, na galeria Filomena Soares, em Lisboa, Kiluanji apresentou o projecto In The Days of a Dark Safari, mostrando 14 fotografias realizadas na secção de zoologia do Museu Nacional de História Natural de Angola, separadas em duas séries, e uma curta-metragem de 17 minutos, Havemos de Voltar, filmada em vários locais de Luanda.

Com um relevante percurso internacional, vivendo e trabalhando entre Lisboa e Luanda, o artista foi finalista do BES Photo em 2011 e é uma presença regular em exposições em Portugal, tanto individuais como colectivas. Em 2014, também na Filomena Soares, havia apresentado A City Called Mirage, interrogando o mundo hoje com um cunho tão político quanto poético, fecundado de humor. Como acontece quase sempre na sua obra, não lhe interessa tanto um ponto de vista documental, mas manipular o documental para o integrar nas suas narrativas.

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