Um espectáculo para acompanhar a festa

O Benfica fez uma das melhores exibições da época para garantir na Luz o seu 36.º título. O primeiro “tetra” da história dos "encarnados" surgiu com um goleada.

Jogadores do Benfica festejam
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Jogadores do Benfica festejam LUSA/ANTÓNIO COTRIM
Cervi comemora o seu golo frente ao V. Guimarães
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Cervi comemora o seu golo frente ao V. Guimarães LUSA/TIAGO PETINGA
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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Havia dúvidas? Poucas, mas havia. Podia correr mal? Podia, mas não era um mal irreversível. Passaram dez minutos, limparam-se as dúvidas e varreram-se os males. Bastou o primeiro golo entrar para lançar o Benfica num irrevogável dia de festa e de história, o dia em que os “encarnados” iriam conquistar o seu 36.º título e o primeiro tetracampeonato da sua história. Esse golo transformou os restantes 80 minutos do jogo contra o Vitória de Guimarães numa formalidade. Ou melhor, numa tarde de gala que os homens de Rui Vitória ofereceram na Luz para encher a alma aos seus adeptos antes de começarem a festa.

Tudo correu bem ao Benfica, que até teve direito a um adversário que teve a “simpatia” de não bloquear a festa, mas que se apresentava como candidato a fazê-lo. Podia ter sido uma vitória difícil por 1-0 com um golo no último minuto (como aconteceu algumas vezes esta época) e a festa teria sido igualmente saborosa. Foi exactamente o contrário. Foi uma goleada de 5-0 e não é favor nenhum dizer que podia ter sido pelo dobro dos golos tal era a vontade do Benfica em não desperdiçar a primeira oportunidade de ser outra vez campeão, frente a um Vitória que ainda pensava em chegar ao terceiro lugar, com uma série de três jogos sem sofrer golos. Mas os vitorianos nem sequer chegaram a entrar em campo – não é um bom presságio para os vimaranenses quando ambas as equipas se voltarem a defrontar na final da Taça, e o técnico Pedro Martins deve ter ficado bem preocupado com o que viu.

Há cinco jogadores nesta equipa que já festejam há quatro anos seguidos. Três deles estiveram em campo de início (Salvio, Fejsa e Luisão), um ficou no banco (André Almeida, que entrou a 4’ do fim) e outro na bancada (Jardel), tal como Paulo Lopes, que esteve no plantel, mas que só teve minutos em dois dos títulos e não estava no banco para entrar e subir à baliza, como costuma fazer. Mas quem acendeu o rastilho da festa não foi nenhum dos consagrados. Foi um dos novatos, Franco Cervi, aos 10', numa recarga a um primeiro remate de Jonas, não muito bem defendido pelo guarda-redes Douglas.

Seis minutos depois, Ederson, num momento de inspiração, lançou uma bola longa na direcção de Jiménez e o mexicano, com fraca oposição do Konan e saída em falso de Douglas, fez o 2-0. O rastilho queimava com mais intensidade.

Havia uma história secundária nesta história que iria acabar em festa. Jonas, provavelmente o melhor jogador do Benfica nos últimos três anos, também precisava da sua própria celebração, depois de uma época em que os problemas foram mais que os golos. E o brasileiro bem tentou. Teve várias bolas de golo nos pés, mas a sua conta no jogo continuava a zeros. Contribuiu com uma assistência para o 3-0 de Pizzi aos 37’, mas ainda estava a perder no seu duelo particular com a baliza do Vitória.

Só que o pistoleiro também gosta de fazer as coisas da maneira mais difícil e espectacular possível. E, aos 44’, foi dele o momento do jogo. Fejsa ganhou uma bola no meio-campo, meteu em Jonas e, em vez de disparar, picou a bola por cima de Douglas. O brasileiro festejou como se fosse o tal 1-0 no último minuto e toda a gente se abraçou a ele.

Jonas ainda iria escrever na segunda parte mais uma linha da sua história no clube onde chegou há três anos dispensado pelo Valência. Minuto 54’, Bruno Gaspar fez falta sobre Jiménez e o povo pediu que fosse Ederson a marcar o penálti, para ter um golo num jogo em que já tinha uma assistência. Quem avançou para os 11 metros foi Jonas, que não falhou e chegou aos 65 golos no campeonato, tornando-se no segundo melhor marcador estrangeiro de sempre das “águias”, ultrapassando Mats Magnusson.

Depois, foi só esperar que os minutos se esgotassem, até ao momento em que todos iriam usar a camisola 36 de número e "tetra" de nome. Estava fechado de forma espectacular um título em que o seu vencedor foi menos exuberante que em anos anteriores, mas com o mérito de ter errado menos que os outros nos momentos decisivos e de ter conseguido minimizar os maus momentos que também teve. Na Luz, construiu-se um bom hábito de ganhar e de festejar e os adeptos sabem que ainda há mais uma Taça para tentar conquistar. Mas, de certeza, que já pensam no 37 e no "penta".

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