No Benfica, a tecnologia é o caminho para formar melhores jogadores

O clube encarnado mostrou à revista Wired os bastidores do seu campo de treinos, onde cada vez mais a tecnologia é usada no dia-a-dia.

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Hélder Costa foi o último jogador da formação do Benfica a ser vendido: 15 milhões de euros João Cordeiro

Com o foco no presente e perspectivas de futuro, no Caixa Futebol Campus, no Seixal, o Benfica tem recorrido à tecnologia para melhorar a performance dos seus jogadores. O clube “encarnado” abriu os bastidores do seu campo de treinos à Wired, revista especializada em tecnologia, para mostrar um espaço que tem sido alvo de investimentos desde 2009.

No seu centro de treinos, inaugurado em 2006, o Benfica tem investido nas tecnologias para tentar ser melhor e amortizar o efeito da lei do mais forte do mercado do futebol europeu. “É nossa filosofia ser o clube que inova e ser o primeiro clube em Portugal a ter novas tecnologias. A inovação pode ajudar-nos a ser sempre número um”, disse à Wired Nuno Gomes, ex-estrela benfiquista.

O Caixa Futebol Campus tem sete campos de relva e dois artificiais. Tem também a máquina 360, com o objectivo de treinar a agilidade e precisão, dados que são guardados para depois serem consultados. “Nós sempre acreditamos que a tecnologia e a inovação podem ajudar-nos a ter uma melhor performance”, afirmou o director executivo do Benfica, Domingos Soares de Oliveira.

No Campus, existem dormitórios que podem albergar até 65 jovens jogadores, que não têm um “trabalho fácil”, como considerou Nuno Gomes. “Mas é o sonho deles, e estamos aqui para ajudá-los a atingir o objectivo deles de serem futebolistas profissionais”, disse o ex-internacional português, que considerou ainda que “o programa está a funcionar”.

Domingos Soares de Oliveira considera que o modus operandi do Benfica é “encontrar o talento certo na altura certa”. Nos últimos anos, o clube da Luz tem conseguido desenvolver talentos e depois vendê-los por preços elevados; é a forma de combater o poderio dos principais clubes europeus que permite ao Benfica poupar dinheiro nas contratações e gerar receitas.

E a verdade é que o Benfica tem tido sucesso nessa tarefa. No total dos últimos seis anos, o Benfica lucrou mais de 300 milhões de euros com vendas de jogadores da formação. As mais recentes exportações do Seixal foram Hélder Costa, que foi vendido ao Wolverhmapton por 15 milhões de euros, e Gonçalo Guedes, que rumou ao PSG a troco de 30 milhões de euros. No Verão passado, Renato Sanches foi vendido ao Bayern Munique por 35 milhões, valor que pode subir mediante objectivos.

Como funciona?

No Benfica LAB, vários aspectos dos jogadores são monitorizados, sob a supervisão do chefe do laboratório, Bruno Mendes: alimentação, o sono, a velocidade a que ocorre o desgaste. Soares Oliveira considera que esta preocupação com os dados e o uso das novas tecnologias “permite tomar melhores decisões”.

Bruno Mendes analisa os dados recolhidos e cria modelos para tentar prevenir lesões e melhorar a preparação para os jogos. “Os jogadores podem usar estes dados para optimizar a performance a melhorar continuamente”, disse.

O Benfica tem usado ferramentas da Microsoft, que tem feito parcerias com várias organizações desportivas para lhes fornecer “modelos de aprendizagem avançados e que ajudam a prever” cenários, escreveu a Wired.

“O futuro do desporto está a virar-se para a dependência de dados – tornar isso accionável vai ser chave”, disse o principal gerente de engenharia de software da Microsoft, Steve Fox.

O director de informação do Benfica, João Copeto, afirmou que o que clube tem desenvolvido nos últimos anos é uma “grande vantagem”. “Nós temos modelos muito bons para o stress e a fadiga dos jogadores, mas agora a aprendizagem via máquinas pode ajudar a explorar isto ainda mais”.

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