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Elas não querem ir à máquina zero

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Na companhia de dezenas de homens, um grupo de mulheres aguarda o momento em que o seu nome será chamado pelos oficiais militares. Entretanto vão retocando a maquilhagem, com nervosismo. Este é um momento de grande ansiedade; sabem que terão de prestar prova de inaptidão para o cumprimento do serviço militar e que um médico irá examinar o seu corpo e verificar se já deram início ao processo de mudança de sexo. "Elas sentem uma enorme ansiedade e preocupação pelo facto de terem de se despir diante de alguém, por serem olhadas, temem uma humilhação pública", explicou à Reuters Jetsada Taesombat, directora da ONG "Thai Transgender Alliance for Human Rights". "Algumas destas mulheres sentem-se muito stressadas e chegam a ponderar o suicídio para evitar a inspecção", completa. Chumbar, não ser apta, é o sonho de todas elas. Isso só acontecerá em duas circunstâncias: terem já partes do corpo que foram transformadas ou serem consideradas "mentalmente inaptas" por um hospital militar. "Eu nasci com o sexo masculino e por isso tenho de estar aqui, como o dever manda", explica Kanphitcha Sungsuk, de 21 anos, contrariada. Em geral, as mulheres transgénero opõem-se à designação de "inaptidão mental" por acreditarem que estigmatiza a sua condição. Embora a Tailândia seja por muitos vista como um paraíso para pessoas gay e transgénero, muitas mulheres transgénero queixam-se de serem tratadas como cidadãs de segunda classe e que a obrigatoriedade de uma inspecção militar é um exemplo disso mesmo. As mulheres transexuais, no país, podem ser estrelas de televisão, participar em concursos de beleza, serem modelos fotográficos para produtos cosméticos, mas, paradoxalmente, não podem alterar a designação de género nos seus documentos de identificação. "A sociedade releva e transmite a sensação que nos aceita, mas na realidade não é assim", disse Khwan Suphalak, transexual de 23 anos. "Somos sempre tratadas de modo diferente", refere, dando o exemplo de ter sido recentemente barrada à entrada de um hotel ou de ter sido convidada a sair de uma casa-de-banho feminina para "não assustar outras mulheres".