FC Porto compromete ambições com entrada desgarrada

Sp. Braga marcou nos primeiros minutos, mas não conseguiu conservar a vantagem depois de ter desperdiçado um penálti a fechar uma primeira parte que determinou o destino dos “dragões”.

Foto
LUSA/HUGO DELGADO

O FC Porto cedeu uma igualdade (1-1) na deslocação de alto risco a Braga, na 29.ª jornada da Liga, e poderá ter comprometido seriamente o sprint final na corrida pelo título, que o Benfica lidera agora com três pontos de vantagem. Diferença que o derby de Alvalade, já na próxima semana, ajudará a perceber se é ainda recuperável.

A escorregadela de Danilo, no primeiro minuto, ilustra na perfeição a entrada desastrada do FC Porto, a revelar uma impotência confrangedora no processo de construção, bem anulado pelo Sp. Braga, fruto da pressão exercida sobre Óliver Torres e André André.

O golo de Pedro Santos, de cabeça, após cruzamento da direita (6’), acabou por acentuar a tendência e fortalecer a teia em que o “dragão” se foi emaranhando, sem um vislumbre de Soares, Brahimi ou André Silva. O Sp. Braga aproveitava todas as deixas, enervando o candidato, que tardava a impor-se, apesar de aos poucos começar a prensar os minhotos, ainda que sem soluções nas zonas de decisão, obrigando André Silva a procurar jogo cada vez mais longe da baliza de Matheus.

Os nervos eram cada vez mais notórios e os duelos acabavam por resvalar para despiques mais físicos, com o FC Porto a forçar a equipa de Jorge Simão a acumular faltas. O Sp. Braga acabaria por resistir e retaliar, construindo mais um par de situações por Battaglia e Vukcevic e beneficiando de um critério largo de Hugo Miguel, que deixou passar duas situações em que os “dragões” reclamaram penálti na área minhota: primeiro num lance com Felipe, agarrado, e depois num toque de Ricardo Ferreira no pé de Soares.

Duas decisões que deixaram os portistas no limite do desespero, estado emocional agravado quando Hugo Miguel, já em período de compensação, não hesitou a punir uma mão de Óliver Torres na área de Casillas. Marcano reclamou falta de Rui Fonte no instante que antecedeu a mão do médio espanhol, mas a decisão estava tomada e o Sp. Braga só não regressou aos balneários com dois golos de vantagem porque Pedro Santos — de volta à titularidade — acertou em cheio no poste direito de Casillas, desperdiçando uma oportunidade rara para poder gerir com maior segurança a segunda parte.

Ao FC Porto restavam 45 minutos para obter o resultado a que estava obrigado depois da vitória do Benfica, na véspera. A entrada de Corona tornava-se cada vez mais inevitável e urgente, até, o que acabou por acontecer com pouco mais de meia hora para jogar e virar o resultado.

O impacto do mexicano foi instantâneo e o FC Porto apoderou-se do jogo, ensaiando por Brahimi o golo que Soares não perdoou um pouco mais à frente. O toque de Corona a isolar o argelino era o que faltava a um ataque que tinha vivido demasiado tempo na ilusão da profundidade, na esperança de abrir uma avenida para a aceleração de Soares. O brasileiro não marcou de bola corrida, mas apareceu no momento certo para dar sentido a um cruzamento (canto) de Alex Telles (62’), alterando por completo as relações de forças. Isto quando o Sp. Braga se esvaziava e já não era capaz de manter o ritmo inicial, nem de ligar o jogo como Battaglia tinha feito até então.

A hora era de resistir, estoicamente, reconhecendo as diferenças cada vez mais pronunciadas. O FC Porto tinha, contudo, ainda que fazer mais um golo para cumprir o plano gizado para as últimas finais. As oportunidades não foram, contudo, em quantidade nem em qualidade suficientes para repetir o momento “Rui Pedro”, o que até esteve muito perto de acontecer, num cabeceamento de Danilo Pereira, isolado, mas que acabou por resultar numa finalização desastrada, mais uma vez a ilustrar não só o estado de ansiedade em que o FC Porto viveu quase permanentemente, mas também a quebra de alguns dos elementos mais influentes.     

Sugerir correcção
Ler 11 comentários