Um ano e cinco milhões para recuperar antigas minas de urânio de Mondego Sul

Projecto de recuperação ambiental foi apresentado neste sábado e a intervenção deve arrancar ainda este ano. Mina deixou de ser explorada em 1991.

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Minas de Urânio do Mondego Sul em Ázere, Tábua Adriano Miranda

As antigas minas de Mondego Sul, no município de Tabua, vão ser alvo de uma intervenção para recuperar os terrenos que estão inutilizados desde que cessou a exploração de urânio. No total, a reabilitação da antiga área mineira está avaliada em 5,4 milhões de euros e deve arrancar na segunda metade deste ano.

Este sábado, na cerimónia de apresentação do projecto de recuperação ambiental da antiga área mineira de Mondego Sul, na Camara Municipal de Tábua (CMT), o presidente do conselho de administração da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), Rui Rodrigues, adiantou que a obra deve decorrer ao longo de 11 meses, a partir da data de consignação. Na conferência esteve também o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.

O governante reconhece o atraso na reabilitação das antigas minas, mas lembra que há intervenções a decorrer em locais como Gouveia, Mangualde, Fornos de Algodres.

O projecto inclui a desarborização do espaço, a estabilização de taludes, a modelação da encosta com a criação de plataformas, a manutenção do espelho de água e a selagem e confinamento das matérias sobrantes da exploração mineira. A empreitada prevê ainda a instalação de um sistema de drenagem, a construção de acessos e de uma vedação de portões de acesso ao terreno.

Trabalhos anteriores deixaram cratera de 28 metros

A exploração das minas do Mondego Sul, na albufeira da barragem da Aguieira, foi feita entre 1987 e 1991 pela Empresa Nacional de Urânio, sendo que o material seguia dali para as minas da Urgeiriça, onde seria tratado. Além das escombreiras, os trabalhos deixaram uma cratera de 28 metros, hoje inundada com água.

“Ao contrário do que muitas vezes se ouve dizer a água não é especialmente de má qualidade”, disse o administrador da EDM, Luís Pita Ameixa, que apresentou os detalhes do projecto.  Pita Ameixa sublinhou que a qualidade da água tem vindo a ser acompanhada desde 1997 e referiu que esta “quase cumpre os critérios para consumo humano”.

O anúncio de que a operação iria avançar foi feito pela presidente da Câmara de Tábua, Mário de Almeida Loureiro, em Dezembro, mas sem detalhar os prazos e o montante envolvido divulgados neste sábado. A obra é comparticipada em 78,1% por fundos comunitários. 

O autarca congratula-se pela ”resolução de um passivo ambiental com mais de 30 anos” e lembra que o valor investido significa a ”garantia de melhor qualidade da água” no rio Mondego, mas também de ”menos riscos para a saúde pública”.

O membro da Associação de Zonas Uraniferas (AZU), Jorge Sarmento, tem vários motivos para estar satisfeito com a recuperação das antigas Minas do Mondego Sul. Para além de fazer parte da AZU, a casa de Jorge Sarmento é a mais próxima dos escombros da exploração desactivada. Aos jornalistas, Jorge Sarmento, que diz que o anúncio é "bom para a população” e lamenta que "as pessoas nem sempre tenham dado ouvidos” à AZU.

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