Aviso de estacionamento indevido no Porto? Olhe outra vez

Acção de marketing para celebrar centenário do Museu de Lamego pôs os serviços jurídicos da Câmara do Porto a identificar "eventuais ilegalidades" da operação

Fotogaleria
Fotogaleria

Os serviços jurídicos da Câmara do Porto estão a avaliar “eventuais ilegalidades e consequências” de uma campanha de publicidade do Museu de Lamego, sob a alçada da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN), que esta quinta-feira deixou vários envelopes, muito parecidos com os da concessionária E-Porto, em automóveis estacionados na cidade, disse ao PÚBLICO fonte da autarquia.

À primeira vista, quem chega ao carro, é levado a pensar que algum funcionário da E-Porto passou por ali e lhe deixou um aviso por estacionamento indevido, com o respectivo documento que solicita um pagamento, mas é preciso olhar melhor. No envelope, em vez de E-Porto está escrito EMuseu e na parte de trás do sobescrito lê-se: “Aviso de Oferta no Interior. A liquidação da mesma evita a autuação.”

Lá dentro, um documento de aspecto bastante idêntico ao que é deixado pelos funcionários da concessionária do estacionamento na via pública na cidade do Porto, indica que foi detectado, a determinada hora, que o veículo se encontrava “em situação irregular”. A ocorrência é descrita logo a seguir: “Ainda não visitou o Museu de Lamego este ano!”. Segue-se uma data para “regularizar a situação” e a indicação que aquele aviso garante uma entrada grátis no museu até ao final do ano, com as coordenadas do espaço. Um panfleto de um passatempo está também no envelope.

Tudo poderia não passar de uma acção de marketing de gosto duvidoso para alguns, mas, durante a tarde desta quinta-feira, a Câmara do Porto emitiu um comunicado, com o título “falsos avisos de estacionamento indevido na cidade do Porto” e a informação que o caso tinha sido remetido “ao departamento jurídico” da autarquia “para os devidos efeitos”.

A câmara diz ter sido “avisada por munícipes” da acção de publicidade e que, na sequência desses avisos contactou a EPorto e também a DRCN. A primeira, acrescenta o documento, “garantiu à Câmara do Porto não ter autorizado a utilização da sua imagem nem a referida campanha”. À DRCN, presidida por António Ponte, o município ter-se-á limitado a dar “conhecimento da situação”.

Em resposta escrita enviada ao PÚBLICO, a DRCN informa que a acção realizada nesta quinta-feira no Porto é apenas mais uma das que têm sido levadas a cabo para celebrar o centenário do Museu de Lamego, que se comemora este ano. A mesma entidade garante que foram estabelecidos “vários contactos” com a E-Porto, desde Dezembro, dando conta da acção, e que “em momento algum esta entidade manifestou qualquer impedimento para a realização da mesma”.

Para que os condutores apanhados pela campanha não se sintam tentados a confundir a oferta do museu com alguma verba que tenha que pagar, a câmara explica ainda no seu comunicado que “apenas são válidos avisos legalmente emitidos, pelo que deverão ignorar outros documentos que abusivamente possam estar a ser colocados nas suas viaturas”.

Sugerir correcção
Comentar