Dezasseis anos entre Atenas e Tóquio

Vanessa Fernandes teve quase todos os seus maiores sucessos desportivos entre 2004 e 2008.

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MORRIS MAC MATZEN

Quando Vanessa Fernandes esteve pela primeira vez num palco olímpico, tinha apenas 18 anos, mas já era uma das melhores triatletas do mundo. Em Atenas 2004, apenas a segunda vez que havia triatlo nos Jogos Olímpicos, a portuguesa ficou em oitavo e prometeu que, dali a quatro anos ia “partir tudo” em Pequim. Não chegou ao título, mas ficou perto, com a conquista da medalha de prata. Depois de anos intensos pelos quais pagou um preço, Vanessa Fernandes abrandou, parou e, depois, foi voltando lentamente. Recomeçou pelo atletismo e regressou aos Jogos Olímpicos como suplente da equipa da maratona, mas o que Vanessa vai tentar é um regresso efectivo aos Jogos em Tóquio 2020, aos 34 anos de idade.

Quase todo o currículo desportivo de Vanessa de Sousa Fernandes está entre Atenas e Pequem. Começou um bocadinho antes, acabou um bocadinho depois. A filha do antigo ciclista Venceslau Fernandes mostrou desde cedo aptidões físicas e mentais para o desporto. Começou a fazer triatlo aos 14 anos e, pouco depois, já estava no Centro de Alto Rendimento do Jamor, bem longe de Perosinho, em Vila Nova de Gaia. Em 2003, aos 17 anos, já vencia provas da Taça do Mundo em elites, tal como em 2004, ano do diploma olímpico e do primeiro de cinco títulos europeus na categoria de elite.

Foi entre 2004 e 2008 que Vanessa Fernandes se afirmou como uma das melhores especialistas de triatlo de sempre. Teve um domínio esmagador na Taça do Mundo, em que obteve a maior parte dos seus 20 triunfos nesta competição, mais os seus cinco títulos europeus e o título mundial (Hamburgo 2007). Em Pequim falhou o título olímpico, classificando-se atrás da australiana Emma Snowsill, mas esta já era uma altura em que nem tudo estava bem e os anos seguintes provaram-no, com várias desistências e poucas classificações de relevo – a sua última vitória foi numa prova da Taça da Europa, na Quarteira, em 2010. O ano seguinte foi de paragem total, falhando a defensa da medalha de prata nos Jogos de Londres 2012.

O regresso ao desporto deu-se por outra porta, a do atletismo, competindo em várias provas de estrada e corta-mato. Na primeira vez que se testou na maratona, em Valência, conseguiu o mínimo para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro (2h31m26s), mas só conseguiu lugar na equipa como suplente do trio titular composto por Sara Moreira, Jéssica Augusto e Dulce Félix – as duas primeiras desistiram. Mas a simples ida aos Jogos cariocas foi o suficiente para empurrar Vanessa Fernandes em definitivo para o triatlo, a modalidade que integra natação, ciclismo e corrida. “Continuo a sentir que este é o meu mundo”, dizia Vanessa Fernandes sobre os Jogos Olímpicos em entrevista ao PÚBLICO em Agosto do ano passado. Até 2020, tem três anos para o provar.

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