Museu Whitney vem a Lisboa visitar ateliers de artistas portugueses

Representantes do museu com sede em Nova Iorque visitarão esta segunda-feira os ateliers de José Pedro Croft, João Louro, Helena Almeida e Joana Vasconcelos. Ao final do dia, o Ministério da Cultura promove um jantar com galeristas e directores de museus.

Foto
José Pedro Croft no seu atelier Enric Vives-Rubio

Há “largos meses”, João Louro fez o que não tem por hábito fazer. Para o artista lisboeta, os ateliers “não são locais de visita, não são showrooms, não são pequenas galerias, são sítios secretos”. Mas há circunstâncias em que é difícil dizer que não. Como aquela. Há largos meses, João Louro abriu as portas do seu atelier a dois representantes do Museu Whitney, sedeado em Nova Iorque e um dos mais prestigiados museus mundiais. Estavam a abrir caminho, preparando o que acontecerá durante esta segunda-feira. Ao longo do dia, uma comitiva de 19 pessoas, entre elementos de conselho de administração do Whitney e mecenas, visitarão os ateliers de João Louro, José Pedro Croft, Helena Almeida e Joana Vasconcelos.

A visita, diz ao PÚBLICO José Pedro Croft, insere-se no que é uma prática habitual para coleccionadores ou representantes de museus como o Whitney. “É natural que grandes coleccionadores, pessoas com a noção que têm uma responsabilidade social através da arte e da cultura, gostem de ter um contacto directo com os artistas”, afirma. “Gostam de fazer este trabalho, que lhes permite ganhar um olhar perante coisas novas e diferentes”.

Ao tomar conhecimento da visita a Lisboa da comitiva do Whitney, parte de um périplo por diversos países, o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, decidiu promover um encontro entre aquela e galeristas portugueses e directores de museus, que terá lugar num jantar servido no Palácio da Ajuda e no qual estarão presentes cerca de 50 convidados, apurou o PÚBLICO junto do ministério da Cultura.

João Louro não sabe os critérios que conduziram à escolha dos ateliers que serão visitados. Sabe que “o Whitney é uma instituição de referência” e que “é muito agradável” ser um dos artistas visitados. É pelo peso e prestígio do museu, de resto, que acede a abrir as portas do seu atelier, o seu “sítio secreto”, como afirmou acima. “Era difícil dizer que não. Seria uma falta de cortesia da minha parte”. Como nos diz José Pedro Croft, “se há pessoas que estão interessadas em ver o meu trabalho, se são pessoas que fizeram uma boa preparação antes desta visita e que o vão enquadrar, tenho todo o gosto [em recebê-las]”.

Mais importante que antecipar o que poderá resultar desta visita, em termos práticos, para João Louro, José Pedro Croft, Helena Almeida e Joana Vasconcelos, será o conhecimento do contexto artístico português que os representantes do Whitney recolherão através do contacto com quatro artistas de diferentes gerações e abordagens estéticas. É o que defende João Louro. Para o representante português na Bienal de Veneza de 2015, o foco principal residirá em “abrir ao esclarecimento a curiosidade destas pessoas, dando-lhes a conhecer o trabalho, o ambiente e o espírito das artes portuguesas, criando uma cartografia das actividades artísticas do país”. Para João Louro, a tónica não se pode colocar na relevância que a visita poderá ganhar em desenvolvimentos futuros da sua carreira. “Não é a importância que poderá ter para mim, mas aquilo que a instituição poderá levar daqui, para depois fazer o trabalho de incluir o que recolher nas suas estruturas”.

Sugerir correcção
Comentar