Oito homens são tão ricos como a metade mais pobre da população mundial

Os oito mais ricos acumulam entre eles 426 mil milhões de dólares, um valor que equivale à riqueza total de cerca de 3,6 mil milhões de pessoas.

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Este relatório antecipa o Fórum Económico Mundial, que decorre entre terça e sexta-feira, em Davos, Suíça LUSA/GIAN EHRENZELLER

As oito pessoas mais ricas do mundo controlam uma riqueza equivalente àquela que se concentra na metade mais pobre da população mundial, facto que a Oxfam – organização não-governamental internacional – considera “para lá de grotesco”. A organização divulgou estes dados que constam no relatório Uma economia para 99%, acerca da desigual distribuição da riqueza no mundo, que vai ser apresentado no Fórum Económico Mundial, em Davos, Suíça.

O fosso entre ricos e pobres não é uma novidade, ainda assim revela-se preocupante, diz a Oxfam, que a distância entre estes dois grupos continue a aumentar consideravelmente. Em 2016, era necessária a fortuna dos 62 mais ricos para equivaler à riqueza de metade da população mais pobre do mundo. Em 2017, são precisas apenas as oito pessoas mais ricas. A diferença abismal deve-se a novos dados sobre a pobreza na China e na Índia que se revelaram mais graves do que o esperado, nota o Guardian.

O grupo dos oito mais ricos concentra entre eles cerca de 426 mil milhões de dólares (aproximadamente 400 mil milhões de euros), um valor que equivale à riqueza total da metade mais pobre da população, cerca de 3,6 mil milhões de pessoas.

“O cenário de desigualdes deste ano é bastante claro, mais preciso e mais chocante que nunca. É para lá de grotesco que um grupo de homens que facilmente cabem num carro de golfe possam possuir mais que a metade mais pobre da população mundial”, afirmou o director executivo da Oxfam, Mark Goldring, citado pelo Guardian.

“Uma em cada nove pessoas no planeta vai para a cama com fome, enquanto uma mão-cheia de bilionários têm tanto que precisariam de várias vidas para conseguirem gastar tudo”, acrescentou Goldring, que quer ver implementada uma mudança na economia mundial que funcione para todos e não só para “uma elite privilegiada”.

Este relatório antecipa o Fórum Económico Mundial, que decorre entre terça e sexta-feira, e que reúne as elites políticas e empresariais. Em Davos, a Oxfam pretende apelar à implementação de um novo modelo económico que torne possível reverter esta tendência de disparidade entre ricos e pobres. Para este ano, prevê-se que a desigualdade económica e a polarização social sejam das ameaças mais salientes no que diz respeito à economia global.

A restrição salarial é uma das razões apresentadas pela organização como causa deste aumento da desigualdade na distribuição da riqueza, que acresce ao facto de as empresas se focarem cada vez mais em premiar os altos funcionários e os mais ricos, tornando-os ainda mais abastados. A evasão fiscal e o comportamento hegemónico das grandes empresas para com os produtores são também apontados pela Oxfam como aspectos que não contribuem para reverter esta tendência.

Bill Gates encabeça os oito mais ricos, um grupo onde consta também a fortuna do dono da Zara, Amancio Ortega; de Warren Buffett, o investidor e chefe executivo da Berkshire Hathaway; de Jeff Bezos, fundador da Amazon; de Carlos Slim, dono do conglomerado Grupo Carso; de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook; de Larry Ellsion, proprietário da norte-americana Oracle; e de Michael Bloomberg, fundador da agência de informação económica e financeira Bloomberg.

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