Roupeiro lusodescendente cumpre sonho de ser guarda-redes na NHL

Jorge Alves teve uma curta e inesperada estreia, pelos Carolina Hurricanes, no campeonato norte-americano de hóquei no gelo.

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Lusodescendente saiu dos balneários para a baliza na NHL. MCT/CHRIS SEWARD

O habitual técnico de equipamentos dos Carolina Hurricanes, o lusodescendente Jorge Alves, fechou o ano de 2016 de forma inesperada. No último dia do ano, estreou-se num jogo da Liga norte-americana de hóquei no gelo (NHL), ao ser chamado para defender a baliza dos Hurricanes nos momentos finais da derrota frente aos Tampa Bay (1-3).

Aos 37 anos, o antigo fuzileiro, ex-jogador de equipas de divisões inferiores da modalidade e responsável pela gestão dos equipamentos da formação da Carolina do Norte, foi chamado ao rinque nos últimos segundos pelo treinador dos Hurricanes, Bill Peters. Uma medida que é habitual no decurso dos treinos, sempre que há falta de guarda-redes, acabou por ser transposta para dentro do campo.

A história começou duas horas antes do encontro, quando os Hurricanes anunciaram a assinatura de um contrato (à experiência) com Jorge Alves, atribuindo-lhe o número 40. Este tipo de contrato é usual em certos desportos, para as equipas se prevenirem contra possíveis problemas com os jogadores, como foi o caso da lesão do habitual guarda-redes titular, Eddie Lack. Com este revés, os Hurricanes ficaram apenas com Cam Ward para ocupar a baliza.

Foi Ward, de resto, quem alinhou de início frente aos Tampa Bay, tornando pouco provável o lançamento de Jorge Alves no jogo. No entanto, Bill Peters, mesmo a perder, resolveu presentear o lusodescendente com uma estreia que se tornou na concretização de um sonho. Alves jogou apenas os últimos sete segundos do jogo (7,6 para sermos mais exactos). Não fez qualquer defesa, mas acumulou uma experiência inolvidável.

"É incrível. Na verdade, já estava a dirigir-me para o túnel de acesso ao balneário quando ouvi o treinador a chamar por mim. Não queria acreditar. Lembro-me de olhar para o rinque, de ver o disco num dos cantos e só esperava que ele não saísse de lá", confessou no final. 

Também o guarda-redes Cam Ward partilhou a alegria do lusodescendente: "Acho que assistimos literalmente à concretização do sonho de um homem, com os nossos próprios olhos. A emoção dele antes do jogo tocou-nos a todos e eu disse-lhe, antes do jogo, que o lugar dele era a NHL".

Para Jorge Alves, o momento já há muito tinha sido antecipado na sua cabeça. Mas uma coisa é projectá-lo mentalmente, a outra é vivê-lo na primeira pessoa. “Enquanto trabalhava e me treinava pensava: e se alguma vez acontecesse? O que faria? Como iria reagir? E então, quando de facto aconteceu, parece que tive uma branca. Não estamos preparados para isto. Foi inesperado e agora é apenas uma memória", recordou o norte-americano (nasceu em Massachusetts), que tem avós paternos portugueses.

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