12 viagens que vale a pena fazer em 2017

O mundo nunca nos pareceu tão pequeno, mas na realidade nunca foi tão grande. Com as viagens cada vez mais fáceis, locais que antes nos pareciam demasiado longínquos estão cada vez mais perto e a oferta é tão grande que o problema é a escolha. Nós fizemos a selecção, a inspiração fica por sua conta.

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Chalermkiat Seedokmai/Getty Images

Canadá<_o3a_p>

O Canadá é o destino incontornável de 2017. Não somos só nós que o dizemos — parece que todo o mundo está a dizê-lo. Há um motivo óbvio: comemora 150 anos e as celebrações prometem pôr o país em festa. Depois, o primeiro-ministro Justin Trudeau tem contribuído ainda mais para a imagem positiva do país, aberto, amigável, inclusivo — verdadeiramente multicultural.

E há os motivos de sempre. A natureza, que é um espectáculo incomparável e ocupa grande parte deste que é o segundo maior país do mundo — florestas e planícies a perder de vista, montanhas, glaciares, lagos, rios, ilhas e ilhotas, e um litoral, muitas vezes selvagem, que é o maior do mundo; e as cidades, vibrantes e cosmopolitas, como Toronto, “a Nova Iorque canadiana” e tantas vezes a Nova Iorque dos filmes, Vancôver, na costa ocidental, harmonia entre natureza e arquitectura, e Montréal, a cidade cultural com o seu charme do velho mundo no Quebeque, a parte francófona do país. E como Montréal também comemora este ano um aniversário “redondo”, 375 anos, haverá festividades extra e uma nova promenade Fleuve-Montagne, que será a grande herança de 2017, ao ligar dois locais emblemáticos da cidade, o rio (St. Lawrence) e a montanha (Mont-Royal), num percurso de 3,8 quilómetros que cruzam história, património e paisagens. 

Porém, este ano, Otava, a capital sempre um pouco na sombra, vai concentrar muitas atenções, uma vez que os próximos 12 meses serão particularmente prenchidos pelas comemorações do aniversário “redondo” do país, que continua a ter na monarca inglesa a chefe de Estado, com festivais e muitos outros eventos ao longo do ano.  

Claro que as festividades vão chegar a todos os cantos do país, desde a costa agreste da Nova Escócia a Manitoba, local privilegiado para observar ursos polares, passando pelas populares Rocky Mountains, na Colúmbia Britânica, província onde se encontra a capital do surf do país, Tofino, num canto remoto da Ilha de Vancôver. E chegarão também aos parques nacionais — e são 47, entre parques reservas, alguns património mundial da UNESCO —, aos sítios históricos (171) e áreas de conservação marinha (4), que terão entrada gratuita ao longo de 2017.

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Nuno Ferreira Santos

 

Finlândia

Se durante séculos a Finlândia passou de mãos entre russos e suecos, 2017 marca o centenário da sua independência. E no “país dos mil lagos” — na verdade, o slogan turístico fica aquém da realidade: eles são 188 mil (!) — as comemorações passarão, inevitavelmente, pela natureza. E um dos grandes momentos do ano será, com certeza, a inauguração de mais um parque nacional, em Hossa, no Norte do país: o que já era uma das seis áreas nacionais de caminhadas passará a ser o 40.º parque do país, com 11 mil hectares preenchidos por florestas de coníferas e cruzados por uma miríade de rios.

Mas as celebrações “naturais” não ficarão por aqui, no país em que as auroras boreais podem aparecer em 200 noites por ano e há Verões com 24 horas de luz (na Lapónia, a maior e a mais setentrional província do país): cada estação do ano terá o seu Dia da Natureza Finlandês. Ao mesmo tempo, a associação nacional de conservação da natureza vai lançar um projecto para identificar cem maravilhas naturais do país, entre lagos, cascatas, pântanos, florestas ou áreas costeiras. Nada anormal num país com 20 mil ilhas, 12 áreas selvagens, seis áreas nacionais para caminhadas, tundra e florestas que se cobre de branco durante o Inverno e se pinta de verde e azul durante o Verão.

Se para quem se deleita com a natureza a Finlândia é inescapável, não se pode dizer que a sua capital, Helsínquia, seja totalmente desprovida de encantos. E, inevitavelmente, vai concentrar muitos dos festejos do centenário que terão o seu ponto alto no dia da independência, 12 de Junho, mas começam já hoje ao meio-dia, na baía Töölönlahti, para um dia longo que termina com a Festa do Século, entre as 21h e a 1h na Praça Kansalaistori, o coração da cidade, e com a rua principal, Mannerheimintie, transformada em pista de dança. 

A cidade prepara-se para inaugurar uma nova Biblioteca Central, mas será apenas em 2018. Contudo, num país onde a sauna é uma instituição, abriu recentemente a Löyly, arquitectura geométrica em madeira no que é o maior complexo público da cidade. E para quem quer experimentar saunas mais “exclusivas”, há dois dias por ano em que estas abrem ao público — basta estar atento ao Dia da Sauna e, quem sabe, pode fazer uma sessão numa jangada ou num castelo. Pode ser um bom complemento para quem queira assistir ao Campeonato Mundial de Patinagem ou ao Campeonato Mundial de Esqui Nórdico, que se realizarão na Finlândia em 2017.<_o3a_p>

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Seppo Pukkila/AFP

 

Bermudas<_o3a_p>

Deram-nos as bermudas, claro, os calções, mas quando pensamos nas Bermudas vêm-nos à cabeça águas turquesa e longos areais — uma imagem semelhante a tantas ilhas das Caraíbas. Contudo, e apesar de terem a água e os areais (por sinal, em tons de rosa) e de pertencerem à Comunidade das Caraíbas, as ilhas Bermudas estão localizadas no Atlântico Norte ao largo da costa leste dos Estados Unidos. 

Foram descobertas no início do século XVI por uma armada espanhola, mas os portugueses também passaram por lá, em 1543, deixando inscrições na agora chamada “rocha portuguesa”, e a ocupação humana começou em 1609, por colonos ingleses — ainda hoje é um dos 14 Territórios Britânicos Ultramarinos. A mistura de influências tornou-a num local especial, misturando o carisma das Caraíbas com o charme rural britânico — uma espécie de Inglaterra “tropical”. Onde se pode nadar em grutas com águas transparentes ou em recifes e entre navios naufragados, visitar grutas com formações de cristais de muitas formas e feitios em torno de um lago subterrâneo, atravessar a ilha (29 quilómetros) seguindo os trilhos de uma antiga linha férrea por paisagens suaves e litorais rochosos, descobrir o arco-íris nas casas típicas da ilha (coroadas por telhados brancos) ou visitar mansões históricas. 

Depois há ainda as baleias que chegam na Primavera, aproximando-se nas águas azul profundo do mar do Sargaço, fortes históricos, cliff-diving e, na capital, Hamilton, a possibilidade de provar a gastronomia local em vagões (coloridos, claro) a preços em conta. Assim, entre praias de sonho, mansões e casas coloridas, as Bermudas permanecem, um tanto ou quanto inexplicavelmente, fora dos radares turísticos. O que pode mudar este ano, quando a America’s Cup, a mais famosa e prestigiada regata do mundo, passar pelo território — dizem os especialistas que o clima temperado e os ventos favoráveis a tornam a localização ideal para esta competição.

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GARY CAMERON/REUTERS

 

The Skellig Ring, Irlanda

O Ring of Kerry, em County Kerry, é um dos percursos turísticos mais deslumbrantes da Irlanda: circula pela península de Iveragh durante 179 quilómetros, passando pelo oceano e ilhas, aldeias piscatórias coloridas, montanhas e parques naturais num dos mais genuínos e intocados cenários irlandeses. Verde e azul fazem os caminhos mágicos deste canto que tem em Killarney, uma pequena e pitoresca cidade, a sua porta de entrada (ou não tivesse comboio directo para Dublin). Claro que este é um segredo mal guardado e Killarney fervilha de turistas, sobretudo no Verão, que aqui fazem a sua base para explorar as redondezas.

Porém, há um recanto de Kerry que ainda escapa às grandes multidões, ainda que implique apenas um pequeno desvio da rota oficial do Ring of Kerry. O Skellig Ring leva-nos ainda mais dentro da cultura e história irlandesas: 18 quilómetros que, centrando-se em Ballingskelligs (Baile an Sceilg em gaélico — e aqui estamos em território Gaeltacht, ou seja, onde o irlandês ainda se fala quotidianamente), percorre Portmagee, Valentia Island e Watervile. A natureza é ainda mais agreste e primordial neste pequeno troço, que parece esquecido pelo tempo, sobretudo quando se percorre a costa sempre com os contornos de Skellig Michael no horizonte. 

E há nevoeiro mais misterioso na história do que as ruínas de um mosteiro do século VI, com cem degraus de pedra escavados pelos monges, isolado numa ilha conferindo-lhe uma forma piramidal? Claro que Skellig Michael, a 11 quilómetros da costa irlandesa, está cada vez mais perto de se tornar local de peregrinações, pelo menos por parte dos fãs da saga Guerra das Estrelas. No final do episódio 7 viu-se um relance deste, no filme que vai estrear em 2017 terá um protagonismo maior. May the force be with the Skellig Ring.

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CLODAGH KILCOYNE/REUTERS

 

Hamburgo, Alemanha

Qual é a cidade com mais pontes do mundo? Veneza, Amesterdão, Estocolmo podem ser algumas das que vêm à memória, mas na verdade a resposta está no Norte da Alemanha. Mais propriamente em Hamburgo. Cidade de vocação marítima, membro da medieval Liga Hanseática, tem cerca de 2500 pontes, mais do que Veneza, Amesterdão e Londres juntas e tem mais canais do que as duas primeiras combinadas — tudo resultado da sua posição geográfica, entre os mares do Norte e Báltico, na confluência do rio Elba com os rios Bille e Alster, este último a formar dois lagos artificiais na cidade. O Binnenalster, dentro das antigas muralhas, e o Außenalster, o maior, fora dos muros da cidade e hoje um local privilegiado para prática de desportos como a vela e o remo. 

Mas não é (só) pela água — ainda que a nova promenade no porto, que percorre o velho distrito de armazéns, assinada por Zaha Hadid, tenha ajudado a fazer a cidade voltar-se ainda mais para esta — que Hamburgo vale cada vez mais uma visita. Não tem o cool de Berlim, mas tem uma cultura alternativa que se mistura com uma audácia arquitectónica que tornam a segunda cidade alemã num destino citadino interessante.

Nos antigos armazéns portuários, edifícios de tijolo vermelho que compõem a Speicherstadt (“cidade dos armazéns”, património da UNESCO), o maior bairro de armazéns do mundo, instalam-se projectos culturais, uma sucessão incrível de museus, no skyline (baixo, esta não é uma cidade de arranha-céus) sobressaem arrojos arquitectónicos. No Speicherstadt, onde não falta uma Praça Vasco da Gama, incorporou-se até uma “nova” cidade, HafenCity, recupera a história, desde o imperador Barbarrosa até à industrial, não esquecendo a marítima, e olha para o futuro: veja-se o Elbphilharmonie Hamburg, um novo espaço para concertos, que abrirá já em Janeiro no topo de um dos armazéns. E não muito longe abrirá um novo hotel, The Fontenay, descrito como uma escultura que espelha as linhas fluídas do lago (Alster) e do parque em redor. E, claro, no meio das novidades, mantém-se a “milha sexy” da cidade, no bairro de St. Pauli, em torno da rua Reeperbahn — continua a ser a mais popular zona nocturna da cidade, com os seus bares e clubes de estudantes aos nightclubs onde vale tudo, de raves a sexo.

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NUNO FERREIRA SANTOS

 

Málaga, Espanha

Quem ainda associa Málaga apenas a sol, praia e famosos (e famosillos)? A cidade andaluza não virou as costas à costa, mas adquiriu uma pátine cultural invejável. Depois dos pioneiros Museu Picasso — afinal, o artista ícone do século XX é malaguenho e a sua casa natal também está aberta ao público —, com as suas 11 salas que percorrem 80 anos da carreira do autor em 233 obras, e do Centro de Arte Contemporâneo, onde se percorrem os principais movimentos artísticos desde a década de 1950, ambos abertos ao público em 2003, a cidade foi nos últimos anos eleita para “sucursais” de grandes museus mundiais. 

Tudo começou com a abertura do Museu Carmen Thyssen Málaga, irmão, diríamos, do Museu Thyssen-Bornemisza Madrid, aberto em 2011, onde a baronesa expõe a parte da sua colecção dedicada à pintura andaluza do século XIX, a mais completa de Espanha. Mais internacionais são os mais recentes. Primeiro, o pop-up do parisiense Centre Georges Pompidou, o primeiro fora de França: durante cinco anos, num cubo de vidro colorido instalado em frente à baía de Málaga desde 2013, o Centre Pompidou Málaga oferece a possibilidade de desfrutar da colecção do original — na exposição permanente encontram-se obras do século XX e XXI de artistas tão representativos como Chagall, Frida Khalo, Chirico, Miró, Magritte, Tàpies, Léger, Picabia ou Francis Bacon — além de uma programação regular, com exposições temporais que cruzam várias disciplinas artísticas. 

Em 2015, foi a vez do Museu Estatal Russo (São Petersburgo) abrir numa antiga fábrica de tabaco da cidade, a Tabacalera, a Colecção do Museu Russo, São Petersburgo Málaga. Do século XV ao século XX, mais de cem peças traçam uma história da arte russa, desde a bizantina ao realismo soviético (com nomes conhecidos mundialmente, como Chagall, Kandinsky ou Rodchenko, e outros desconhecidos), a que serão acrescidas anualmente exposições temporais que poderão ir desde ícones da igreja ortodoxa às vanguardas do início do século XX. 

E, não esqueçamos, estamos na Andaluzia: o Museu do Flamenco, o Museu Taurino e o Centro de Arte de la Tauromaquia, e os vários museus dedicados à Semana Santa, por exemplo, não nos deixam nunca esquecê-lo.<_o3a_p>

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JON NAZCA/REUTERS

 

Chengdu, China<_o3a_p>

Quem conhece bem a gastronomia chinesa sabe que a cozinha de Sichuan é uma das quatro de referência do país. E Chengdu é o seu berço e centro — um ditado chinês diz algo como “a melhor cozinha vem da China, enquanto o sabor mais rico vem de Chengdu”. Não admira, portanto, que Chengdu tenha sido, em 2011, a segunda Cidade da Gastronomia designada pela UNESCO.

De uma mistura, sábia, entre o doce, o azedo, o amargo, o picante e o salgado se fazem as especialidades da província, entre elas a galinha kun pao, o porco duas vezes cozinhado, dan dan mien (um prato de noodles com os pimentos de Sichuan) ou o pato fumado de chá. E o chá é outra das características da cidade de Chengdu que a tornam atraentes para os viajantes gourmet: a cultura das casas de chá aqui é das que se mantém mais autêntica na China — e aqui foi, aliás, criado o primeiro centro da cultura de chá do país, juntamente com o primeiro museu da comida, além da primeira cervejaria.

Mas Chengdu, com os seus mais de 60 mil restaurantes, tem outros atractivos para além da cultura gastronómica. Apesar de a cidade já não congregar aquele mítico exotismo oriental, uma vez que a arquitectura tradicional foi largamente substituída por arranha-céus, ainda há bairros onde ela persiste, como em Kuan Xiangzi e Zhai Xiangzi, zonas residenciais construídas durante a dinastia Qing e que desde 2003 se transformaram em zonas de restaurantes, bares, galerias de arte, casas de chá. Também Jinli mantém a arquitectura tradicional do ocidente de Sichuan que serve os mesmos propósitos, e ainda teatros, lojas de artesanato, por exemplo.

Contudo, Chengdu é também a porta de entrada para o “país dos pandas” — e sabemos que os pandas gigantes são um dos animais em maior perigo de extinção do mundo e um tesouro nacional na China. Na província de Sichuan vivem 80% dos 1500 que existem: num subúrbio de Chengdu, há um centro de pesquisa para a criação destes e há uma série de reservas em volta da cidade e na província — por exemplo, a maior reserva, Sichuan Wolong, fica a apenas 130 quilómetros de Chengdu. E a partir de Chengdu é também possível chegar a cidades históricas como Anren (a 39 km), onde um rico senhor da guerra da dinastia Qing construiu 27 mansões que agora são museus com mais de oito milhões de peças, ou Luodai, construída no período dos Três Reinos, e uma das maiores povoações Hakka — actualmente aqui vive a sua maior comunidade. Não menos relevante, a 190 km (e servido por camionetas e comboios) encontra-se o maior Buda do mundo (71 metros de altura) — fica no Monte Emei, onde no século I se construiu o primeiro templo budista da China. Desde então, outros templos foram acrescentados, tornando este um dos locais budistas mais sagrados do mundo no meio de natureza tão diversa que vai desde a subtropical à subalpina e inclui árvores com mais de mil anos. 

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BOBBY YIP/REUTERS

 

Mongólia

É certo que quando se menciona Mongólia, o primeiro que vem à cabeça são estepes intermináveis, montanhas com os picos eternamente cobertos de neve, lagos cristalinos, yurts aqui e muito além, albergues de um povo nómada que percorre esta região em cavalos. Porém, e apesar de ainda estar salvaguardado, especialmente na parte ocidental do país, este modo de vida está cada vez mais em perigo: como em todo o lado, as grandes cidades são grandes ímanes para uma vida melhor — ou, simplesmente, menos dura. A promessa de emprego fixo nas indústrias em expansão no país — as de construção e mineira, sobretudo — está a levar muitos nómadas a assentarem e levarem com eles uma tradição milenar.

Ulan Bator, a capital, é o centro desta onda económica positiva que até vai servir os visitantes do país. Afinal, em 2017 será inaugurado um novo aeroporto que é apresentado como o novo rosto do país; e um novo complexo, Shangri-La, albergará um hotel e até um Hard Rock Café.

Porém, quem preferir encontrar o “verdadeiro” Shangri-La, o melhor é apressar-se para ainda ver a “pérola azul da Ásia”, por exemplo, sem maior pressão turística: o lago Kho¨vsgo¨l, a 1645 metros de altitude, tem esse nome pela água transparente e estende-se por 136 quilómetros de comprimento e 36 quilómetros de largura (podendo chegar a 267 metros de profundidade). É mais um mar do que outra coisa, na realidade. Contém 2% da reserva mundial de água potável, é o segundo maior lago mongol (o maior, Uvs, é de água salgada) e está situado em área protegida, rodeado de picos escarpados e colinas verdejantes, podem ser de erva ou de densas florestas. A porta de entrada é a pequena cidade de Khatgal, que já foi a capital desta província, Aimag, onde as ruas ainda são de cascalho e é normal ver cavalos e iaques a passear. Agora é Mörön que é ligada à capital por ar durante todo o ano — Khatgal apenas no Verão. Por terra, os 690 quilómetros que separam a capital desta zona leva menos dez horas do que antes.

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JOHANNES EISELE/AFP

 

Omã

Se há coisa de que os omanitas se orgulham é da forma como misturam tradição e modernidade. Junta-se a isto as paisagens dramáticas do deserto, dos oásis e das praias da costa e fica o cocktail completo. Mas se Omã está na lista dos locais a visitar em 2017 é principalmente pela onda de inaugurações que se avizinha e que promete transformar a capital, Mascate. A cidade vai ter ainda mais hotéis de luxo, mas, sobretudo, será inaugurado o Majarat Oman, um parque temático futurista que promete entreter as famílias omanitas e que custou mais de 114 milhões de euros.

O Sultanato de Omã, no extremo sudeste da Península Arábica (vizinho do Iémen, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita), é o mais antigo estado árabe independente do mundo, e tem por isso muita história para contar. No início do século XVI Afonso de Albuquerque mandou construir ali as fortalezas de Al Jalali e Al Marini, que ocupam os dois lados da baía de Mascate. Foi durante 146 anos a maior base da armada portuguesa na região e os vestígios disso valem bem uma visita.

Em meados do século XX poucos eram os traços de modernidade no sultanato. Mas ao tomar o poder, em 1970, num golpe contra o seu pai, o sultão Qaboos bin Said Al Said usou os rendimentos do petróleo para alterar radicalmente a face do país. As estradas asfaltadas tornam mais fácil sair da capital e visitar as localidades mais pequenas. Há pontos que devem constar da lista, como Jebel Akhdar, nas Montanhas de Al-Hajar: uma paisagem deslumbrante, em especial na Primavera, quando as rosas floridas invadem as encostas — as mesmas flores que depois são utilizadas no fabrico de água de rosa, que vai parar à comida e aos spas. 

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ADRIANO MIRANDA

 

África do Sul

Querem adrenalina? África do Sul. Pode-se ficar bem perto de animais ferozes em safaris pelo Kruger, mergulhar com tubarões, ou dar o maior salto do mundo da ponte de Bloukrans. Nos parques naturais há lodges onde se dorme em contacto com a vida selvagem. Querem boa vida? África do Sul. Na Cidade do Cabo é fácil não dar pelo tempo passar nas villas charmosas com vista para o mar, ou quando, saindo da cidade, se deambula por vinhas e adegas na região de Boland, que se tornou um paraíso gastronómico, fazendo o devido tributo aos bons produtos da região. Há muitas localidades com adegas que devem ser visitadas: Stellenbosch e Paarl são acessíveis de comboio, por exemplo.

Mas, a partir de Setembro de 2017, deve guardar-se algum tempo para o Zeitz Museum of Contemporary Art Africa (MOCAA), o maior museu de arte contemporânea africana, que se instalou num antigo silo de cereais de arquitectura pós-industrial, que era já um ícone da cidade. O novo MOCCA vai ser a resposta africana ao Tate Museum, em Londres, ou ao Museum of Modern Art (MOMA), em Nova Iorque. A cidade já tinha um ambiente criativo em expansão (foi a capital mundial do design em 2014). Na última década nasceram galerias e espaços inovadores onde os artistas podem mostrar o seu trabalho. Com décadas de atraso em relação a várias cidades ocidentais, a Cidade do Cabo não será ainda um destino artístico global por excelência; mas está em vias de se tornar na montra da arte contemporânea que se produz em África.

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MANUEL ROBERTO

 

Geórgia

A descrição enciclopédica poderia ser o suficiente para abrir o apetite: antiga república soviética, que fica na confluência da Europa com a Ásia, com a Rússia a norte, Turquia a oeste, Arménia e Irão a sul, Azerbaijão a leste — e sem ligações étnicas a nenhum destes países. Tem para visitar aldeias nas montanhas do Cáucaso e praias do mar Negro.

A Geórgia pode gabar-se de uma rica herança cultural, com vários locais classificados como Património Mundial pela UNESCO, e conseguiu preservar a sua identidade, apesar de uma história longa de disputas com os seus vizinhos. A Revolução das Rosas, em 2003, trouxe várias reformas económicas e democráticas, destinadas a aproximar a Geórgia da NATO e da União Europeia — e, para desagrado de Moscovo, o país tornou-se no principal aliado dos EUA na região. E depois da instabilidade na Ucrânia, este tornou-se um destino turístico apetecível nos últimos anos.

A situação geográfica traz influências de várias regiões, mas alguns guias aconselham os visitantes a não ir insistentemente à sua procura: isso não só pode ferir o orgulho georgiano como induzir em erros, uma vez que frequentemente pode dar-se o caso de ter sido a Geórgia a contaminar os vizinhos.

Os georgianos orgulham-se ainda de ter sido nas suas terras que primeiro se começou a produzir vinho, há oito mil anos. 
A tudo isto soma-se a personalidade hospitaleira da sua população e o facto de os preços serem bastante baixos para os padrões ocidentais — ainda assim, é preciso estar preparado para regatear nos inúmeros mercados de rua fora das cidades. Convenhamos que é uma mistura apetecível.

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DAVID MDZINARISHVILI/REUTERS

 

Equador

Praias paradisíacas onde se descansa à sombra da bananeira, rotas de vulcões e floresta amazónica, os Andes a perder de vista, uma capital cujo centro histórico é património da UNESCO, e várias reservas naturais. O Equador não é tão visitado como o vizinho Peru mas por toda a sua diversidade vale bem a viagem. 

Já por várias vezes foi distinguido pelos World Travel Awards, os óscares do turismo, como melhor destino “verde” do mundo. A maior parte dos turistas aterra em Quito para seguir imediatamente viagem para as ilhas Galápagos. Mas o país é bem mais do que isso, mesmo para aqueles que apenas querem estar em contacto com a natureza. É um paraíso para a observação de aves: tem mais de 1630 espécies, e por isso todos os anos cerca de cinco mil visitantes escolhem o Equador para fazer birdwatching. Para quem gosta de orquídeas também não está nada mal: foram já registados 219 géneros, 4250 espécies classificadas e 1301 espécies endémicas. Recentemente, foram acrescentadas à lista de atracções as praias de Montañita, onde os surfistas gabam as ondas perfeitas e se divertem à noite em festas na praia.

Para os mais urbanos, Cuenca tem um charme que rivaliza com Quito, a capital rodeada pelos Andes. Erguida no século XVI por cima da cidade inca, Cuenca continua assente na herança colonial espanhola. A população de Quito não gosta do epíteto, mas a terceira cidade do país é também conhecida como sendo a sua “capital intelectual”, ou a “Atenas dos Andes”.<_o3a_p>

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PABLO COZZAGLIO/AFP
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