Partidos atiram escolha dos candidatos para primeiro trimestre de 2017

Apenas PS e CDS têm definido quem apoiam para as câmaras de Lisboa e do Porto. PSD está indeciso entre uma candidatura própria e o apoio a Assunção Cristas na capital.

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Rui Moreira, independente, Porto ADRIANO MIRANDA
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Fernando Medina, PS, Lisboa
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Carlos Carreiras, PSD/CDS, Cascais Miguel Manso
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Bernardino Soares, CDU, Loures Nuno Ferreira Santos

Os partidos políticos com tradição autárquica entram em 2017 com a grande maioria dos candidatos às câmaras, assembleias municipais e juntas de freguesia por escolher, mas com o mesmo propósito: ganhar o maior número de autarquias.

Com o PSD mergulhado numa grande incerteza relativamente à Câmara de Lisboa, e Pedro Passos Coelho fustigado por críticas internas pela estratégia que a direcção do partido tem seguido, o PS parte para o combate das autárquicas numa posição mais confortável e com as escolhas às duas principais câmaras resolvidas. Em Lisboa, o PS vai candidatar Fernando Medina, que vai pela primeira vez a votos; e no Porto, vai apoiar o independente Rui Moreira.

O CDS também já resolveu as candidaturas nas duas principais cidades. Assunção Cristas vai disputar as eleições na capital e no Porto os democratas-cristãos voltam a apoiar Moreira.

O PSD está mais atrasado, o mesmo acontecendo com a Coligação Democrática Unitária (CDU) e o BE. Antes do Verão, Passos traçou a meta: ganhar o maior número de câmaras municipais e juntas de freguesia, mas para muitos autarcas do partido a fasquia é considerada muito alta.

A decisão de Santana Lopes de não ser candidato a Lisboa deixou o partido mais nervoso e, para já, sem plano B. O líder do partido não se distancia da estratégia que definiu e, enquanto isso, o PSD desgasta-se sem saber o que fazer em Lisboa: apresentar um candidato próprio ou coligar-se com o CDS, apoiando Assunção Cristas, que já está no terreno há algum tempo.

Na perspectiva de Rodrigo Gonçalves, vice-presidente da concelhia lisboeta, não apresentar um candidato à Câmara de Lisboa será um “suicídio” para o partido e um desrespeito pela cidade e pelos eleitores.

Quem também se demarca da estratégia da direcção nacional é o líder da concelhia de Lisboa, Mauro Xavier, que entende que o candidato do partido já devia estar escolhido desde Setembro. Apesar disso, assinala que “não há pessoas inquietas pelo facto de o PSD não ter um candidato em Lisboa”.

No Porto, a distrital e a concelhia têm previsto um encontro com Passos para a semana, para escolher o candidato que irá defrontar o actual presidente, e o nome que está em cima da mesa é o do independente Álvaro Almeida.

Ao que o PÚBLICO apurou, Passos Coelho e Rui Moreira encontraram-se, no Porto, para uma conversa, no final do Verão, e na agenda estava o apoio do PSD ao actual autarca. Mas as negociações goraram-se, porque Moreira não aceitou que o símbolo do partido constasse nos boletins de voto e Passos, por seu lado, não abdica disso.

Oeiras e Sintra são duas câmaras que o PSD quer recuperar, encontrando-se o partido em conversações com os independentes Paulo Vistas, presidente da Câmara de Oeiras, e Marco Almeida, que em 2013 se candidatou sem o apoio do PSD, e o objectivo é tentar chegar a um entendimento. Mas a provável entrada de Isaltino Morais pode virar o jogo e em Gondomar Valentim Loureiro ameaça entrar na corrida.

Passos já avisou que não quer tê-lo como candidato, mas Valentim Loureiro puxa pela sua independência para dizer que não precisa do acordo do líder do PSD para avançar.

Quanto a Coimbra, Maurício Teixeira Marques, líder da distrital, não abre o jogo sobre o candidato à câmara e coloca-se ao lado de Passos quanto ao timing para a apresentação dos candidatos – final de Março –, afirmando que “não é por muito madrugar que amanhece mais cedo”.

A CDU informa que apresentará “candidaturas em todas as câmaras e assembleias municipais e ao máximo de freguesias com o objectivo de afirmação do valor do seu projecto autárquico e de reforço do espaço próprio que constitui, enquanto projecto de poder e força alternativa”, afirma a CDU. “As eleições de 2017 serão disputadas, como sempre o foram: com a afirmação do carácter distintivo do projecto autárquico da CDU e com a clara afirmação da comprovada diferença de programas, opções e concepções autárquicas face a todas as outras candidaturas”, refere ainda a CDU numa nota enviada ao PÚBLICO.

Sem tradição autárquica, o Bloco de Esquerda tem o processo autárquico bastante atrasado e os primeiros nomes só deverão ser conhecidos entre Fevereiro e Março. Segundo o coordenador autárquico do BE, Alberto Matos,” há processos mais avançados do que outros”, mas para já “não há nomes fechados”.

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