Dezembro é (ainda) o mês Zaha Hadid em Londres

Inauguração da Galeria das Matemáticas no Museu das Ciências e exposição de desenhos e pinturas na Serpentine Gallery homenageiam a arquitecta precocemente desaparecida este ano.

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Zaha Hadid junto à extensão que projectou para a Serpentine Sackler Gallery, em 2013 Leon Neal/ AFP
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Pintura de Zaha Hadid

No ano 2000, a arquitecta Zaha Hadid (1950-2016) desenhou o primeiro pavilhão efémero estival da Serpentine Gallery, no Hyde Park em Londres. Uma inesperada tenda branca que associava simplicidade e solidez marcava o início de uma iniciativa anual que passaria a animar o Verão cultural londrino, e por onde passariam depois também os nomes maiores da arquitectura (e outras artes) de todo o mundo, incluindo os portugueses Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura (2005). Era também a primeira vez que a arquitecta nascida no Iraque mas radicada e nacionalizada britânica tinha possibilidade de mostrar obra na cidade que tinha escolhido para viver e trabalhar.

Agora, no ano em que Zaha Hadid desapareceu precocemente, aos 65 anos, com uma obra ainda em curso e em crescente afirmação internacional, volta a ser a Serpentine a homenagear aquela que foi a primeira mulher arquitecta distinguida com o prémio Pritzker (2004). Fá-lo com a exposição Zaha Hadid: Early Paintings and Drawings, que desde o início de Dezembro e até 12 de Fevereiro mostra uma selecção inédita dos seus primeiros esboços, desenhos e pinturas.

“O desenho e a pintura foram fundamentais para o trabalho de Hadid. Influenciada por Malevich, Tatlin e Rodchenko, ela usava desenhos caligráficos como principal método de visualizar as suas ideias para a arquitectura”, diz a nota de apresentação da exposição na Serpentine Sackler Gallery, cuja extensão foi projectada pela própria arquitectura em 2013. “Para Hadid, a pintura era um utensílio de design e a abstracção uma estrutura de investigação que lhe permitia imaginar a arquitectura e a sua relação com o mundo em que vivemos”, continua a galeria.

Na mostra, além de desenhos, pinturas, projecções visuais, a maioria deles exibidos pela primeira vez em público – alguns vindos, no entanto, de uma anterior exposição dedicada a Hadid no palácio Franchetti, em Veneza –, podem também ver-se, em primeira mão, os seus cadernos pessoais de desenho, que era “o verdadeiro coração do seu trabalho”, explica a Serpentine.

Numa cidade que tardou a aceitar a arquitectura desta que chegou a ser chamada "a rainha da curva" – além da colaboração com a Serpentine, a arquitecta iraquiana só conseguiu concretizar, no centro de Londres, o projecto do Centro Aquático para os Jogos Olímpicos de 2012 –, este mês de Dezembro viu a inauguração de outra obra sua: a Galeria das Matemáticas (Winton Gallery) do Museu das Ciências, em Kensington, que acolhe num cenário de cor púrpura que mais parece ficção científica uma centena de objectos e peças que contam quatro séculos de história da Matemática, desde um astrolábio árabe do século XVII até à máquina Enigma com que o exército nazi encriptava as suas mensagens secretas.

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