Gabriel Jesus, a afirmação fulgurante do novo prodígio do futebol brasileiro

O avançado tem queimado etapas e, com apenas 19 anos, já foi contratado pelo Manchester City.

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Gabriel Jesus tem mostrado qualidades incomuns para um futebolista com a sua idade GUADALUPE PARDO/REUTERS

Há quatro anos era ainda um futebolista amador. Agora, com apenas 19 anos de idade, foi escolhido por Pep Guardiola e contratado pelo Manchester City: campeão do Brasil ao serviço do Palmeiras há cerca de um mês, idolatrado pelos adeptos do “verdão”, Gabriel Jesus não perdeu tempo para se tornar no novo prodígio do futebol brasileiro.

Para o seu antigo treinador, José Francisco Mamede, “Gabriel tem a bênção dos céus”. “Ele cresceu num bairro pobre e não tem medo de nada. Ele vai adaptar-se à comida ao frio de Manchester e a tudo” garante aquele que presenciou ao nascimento do fenómeno no clube “Pequeninos do Meio Ambiente”, de São Paulo.

"Em três anos, ele vai ganhar a Bola de Ouro porque o Messi já estará um pouco velho…”, antevê o ainda treinador, agora com 58 anos. Três anos? Porque Gabriel Jesus, que se tornou futebolista profissional apenas em 2015, faz tudo mais rápido do que os outros.

O outro diamante brasileiro a actuar nos relvados, Neymar, esperou pelos 21 anos para atravessar o Atlântico, deixar o Santos e o Brasil para ir jogar no campeonato espanhol e no Barcelona. Tinha dois anos a mais do que Gabriel Jesus, que mal tinha feito 19 anos quando o Manchester City bateu à porta do Palmeiras a perguntar pelo mais jovem craque do clube.

Seduzido pela capacidade de “explosão”, a rapidez e a perícia técnica deste extremo driblador, muito hábil em frente das balizas, o treinador Pep Guardiola esforçou-se ao máximo para o levar para Inglaterra. E, em troca de 32 milhões de euros, os citizens garantiram que, a partir de Janeiro, poderiam ter o jogador a treinar-se no Etihad Stadium.

Enquanto esperava, Jesus não perdeu tempo. Conquistou a medalha de ouro do torneio olímpico dos Jogos do Rio de Janeiro. A seguir fez a sua estreia pela equipa principal do Brasil, marcando dois golos no seu jogo de estreia (embora um tivesse sido considerado pela FIFA como um autogolo de Walter Ayovi) e sendo o responsável por uma grande penalidade assinalada contra o Equador, em partida de qualificação para o Mundial 2018. No total, ele apontou cinco golos em seis jogos do apuramento.

“Glória. Glória. Aleluia...”

Por fim, ele conduziu o Palmeiras ao seu primeiro título de campeão em 22 anos, terminando o campeonato sendo eleito como o melhor jogador da prova. Os adeptos do Palmeiras não estavam enganados quando cantavam nas bancadas “Glória. Glória. Aleluia... é Gabriel Jesus".

Nada disto surpreende Mamede. "Logo no primeiro treino que fez vimos que era diferente, que era melhor do que todos os outros. Ele não só era habilidoso como raramente falhava”, explica.

Gabriel Fernando de Jesus pode também contar com a sua mãe, Dona Vera, para evitar que dê passos em falso. Com o seu carácter forte, ela criou-o sozinha, juntamente com os seus três irmãos, no bairro pobre de Jardim Peri, na zona norte de São Paulo. E foi carinhosamente apelidada por Gabriel Jesus como “o meu pior defesa”, numa referência à marcação cerrada que faz ao filho.

O mais duro, contudo, ainda está para chegar. Gabriel Jesus terá que dar resposta às enormes expectativas que recaem sobre as suas costas e confirmar o estatuto de futuro grande futebolista mundial longe da sua zona de conforto, no campeonato mais seguido no mundo.

Em Manchester ele encontrará dois compatriotas: os médios Fernandinho e Fernando. No início de Dezembro foram eles que receberam Jesus, quando o jovem brasileiro se deslocou àquela cidade do norte de Inglaterra para visitar as instalações do seu futuro clube. As boas-vindas foram feitas à volta de uma mesa de um restaurante brasileiro.

"Ele é muito jovem e vai sair do Brasil pela primeira vez, por isso devemos ajudá-lo”, disse Fernando durante o repasto. "Estaremos o mais próximos possível dele. Isso vai ajudar na sua adaptação”, acrescentou.

Gabriel Jesus vai para Inglaterra com o seu bairro tatuado num braço, dois amigos de Jardim Peri e, claro, dona Vera. E ela pediu perdão a Deus pelos “aleluia” dos adeptos do Palmeiras, para o caso de os santos se sentirem ofendidos.

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