Em Coimbra, um independente pode tramar os partidos

Norberto Pires, ex-presidente da Comissão de Coordenação da região do Centro, está no terreno porque acredita que a “comunidade de Coimbra tem capacidade para gerar uma candidatura autárquica independente dos partidos”.

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A disputa eleitoral autárquica em Coimbra pode vir a tornar-se num dos combates mais mediáticos das eleições locais do próximo ano. O professor universitário Norberto Pires, considerado uma referência na área da robótica em Portugal, prepara-se para trocar as voltas ao PS, que quer muito continuar a liderar a câmara com Manuel Machado, e ao PSD, que olha para Coimbra como uma oportunidade para voltar a ser poder a ponto de candidatar, Álvaro Amaro, que teria a sua reeleição garantida na Guarda.

Norberto Pires, que saiu do PSD em ruptura com o presidente do partido, Pedro Passos Coelho, em 2014, disse ao PÚBLICO que a sua candidatura “está em observação”, mas, salvaguarda que avançará se tiver a “percepção de que o seu projecto, que será centrado no interesse da cidade, sairá vencedor”.

Revelando que nada tem contra os partidos, o professor sublinha, no entanto, que os “partidos não representam a vontade da região de Coimbra e isso vê-se nos candidatos pré-anunciados”. “Coimbra mudou muito nesta nova década, é uma cidade muito mais jovem, que se apercebeu do seu relativo atraso em relação a outras cidades que, entretanto, foram ganhando a dianteira como é o caso de Aveiro, Leiria e Viseu”, constata o professor universitário, notando que “aquelas cidades não só não perderam para Coimbra em termos de ensino superior como ganharam uma pujança económica”.

O ex-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e actual vereador (da oposição) na Câmara de Condeixa, considera que está na altura de uma cidade como Coimbra ter uma candidatura que “não seja decidida em pequenos grupos das estruturas dos partidos, motivada por lógicas de contabilidade partidária e ambições pessoais”. E diz acreditar que a “comunidade de Coimbra tem capacidade para gerar uma candidatura autárquica independente dos partidos, com forte foco na cidadania e centrada no interesse da cidade, que tenha como objectivo explorar as enormes potencialidades da região”.

Crítico da gestão de Manuel Machado que, do seu ponto de vista, não conseguiu “devolver notoriedade a Coimbra como terceira cidade do país”, e com a convicção de que a “receita usada pelos partidos está esgotada”, o ex-presidente da CCDRC puxa pelas “potencialidades” que a cidade tem, nomeadamente a ligação à universidade, para dizer que “há condições objectivas para atrair e fixar actividade económica produtiva e criadora de emprego”. É por aí que a sua eventual candidatura pode fazer caminho.

O recém-criado Movimento Uno Civitas - O Poder da Cidadania, lançado com o objectivo de apoiar candidaturas independentes em vários locais do país, é, para já, a sua plataforma de intervenção para passar a mensagem. Trata-se de um “movimento humanista, afectivo e empreendedor, capaz de reconhecer, de integrar e de liderar novas dinâmicas num relacionamento recíproco e profícuo entre os cidadãos e as instituições”.

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