Fotografia: os segredos e as dicas de quem é seguido por milhares

Como se tiram fotografias capazes de agradar a milhares de pessoas? O P3 desafiou cinco instagrammers portugueses a desvendar os bastidores da sua conta. Primeira (e unânime) regra: fotografar muito

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Jenny Hill/Unsplash

Não existe sucesso sem trabalho — que é como quem diz: não se fazem boas fotografias nem se conseguem seguidores sem fotografar muito. Se uma opinião comum se pode retirar dos discursos de Rita Cordeiro, Ana Gil, Wandson Lisboa, Vítor Almeida e Diogo Oliveira é esta. Primeiro conselho, portanto: para fotografar bem fotografem muito. Os cinco instagrammers têm em comum uma rede de seguidores com milhares de pessoas. Só um deles é fotógrafo profissional, mas todos dão cartas na área a fotografar (quase sempre) com “smartphone”. O P3 foi conhecer os segredos e ouvir as dicas deles.

Rita Cordeiro, designer de comunicação visual, anda neste mundo há algum tempo. No Instagram conta com mais de duas mil fotografias — e 77,7 mil pessoas seguem o seu trabalho. Para a leiriense de 42 anos o mais importante na hora do clique são “os olhos de quem fotografa”, independentemente da câmara que tem na mão.

São conhecidas as limitações de uma câmara de “smartphone” relativamente a uma profissional. Mas também há vantagens: “A maior de todas é ser muito portátil. Pode andar sempre no bolso e é muito fácil editar.” Palavra de Vítor Almeida, que já perdeu a conta ao tempo em que se tornou um “escravo” do telefone. Como arquitecto, a imagem (e as perspectivas) é o dia-a-dia dele, mas a fotografia é sobretudo um exercício de intuição. E “transpiração”. “O que aconselho sempre é fotografar, fotografar, fotografar.” (outra vez!)

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@vitoralmeida

Um conselho ao estilo “bê-a-bá” antes de seguirmos na narrativa: “Os meus amigos riem-se muito desta [dica]: limpar sempre a lente antes de fotografar”, diz Rita Cordeiro. E “disparar muito, sem medos”. A designer acredita que as melhores memórias se constroem no dia-a-dia. A prática ajuda-a a descobrir “coisas maravilhosas”. “Moro numa cidade pequena que já fotografei de uma ponta à outra e consigo descobrir coisas novas e surpreendentes em sítios que já considerava gastos.”

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@wandson

A designer Ana Gil identifica duas coisas essenciais: “Ter espaço disponível e um ‘power bank’.” É que “não há nada pior do que perder uma boa fotografia por ficar sem bateria ou ter o smartphone cheio.” Nas suas fotografias minimalistas, onde os tons pastel predominam, dificilmente se encontra um “zoom” na imagem. Ana Gil (60 mil seguidores) evita fazê-lo “para não perder definição”. Guardar sempre a imagem original e registar várias vezes o mesmo momento ou objecto são também regras de ouro. Sempre que possível, acrescenta, tirem fotografias “o mais perfeitas possível para que não necessitem de tanta edição” — e isto não é nenhuma declaração contra aplicações de edição.

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@_diogooliveira_

Para o também designer Wandson Lisboa a grande amiga (e simultaneamente inimiga) da fotografia com “smartphone” está bem identificada: a luz. “Ainda não é tão fácil brincar com a abertura do obturador das lentes de forma orgânica. No geral não existem más câmaras no mercado. O importante é explorar bem a câmara, criar bons momentos ou contar uma boa história”, aconselha.

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@ana_gil_

Diogo Oliveira, formado em Fotografia pelo Instituto Português de Fotografia, está alinhado com Wandson no que à primazia da luz diz respeito. “É a qualidade desta que irá distinguir uma fotografia boa de uma má, independentemente do ‘smartphone’. Um bom enquadramento também faz toda a diferença.” Para fintar esta “fraqueza” face às câmaras DSLR, aconselha, “já existem aplicações que permitem controlar a exposição da fotografia como se de uma câmara fotográfica DSLR se tratasse (como a Manual App)”. Importante é também “explorar ao máximo as funcionalidades da câmara do smartphone” e “evitar o exagero dos filtros que por vezes tiram qualidade às fotografias”.

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@ritacordeiro

Espontaneidade versus Produção

No duelo da espontaneidade com a produção da imagem, o resultado fica-se por um equilibrado 3-2 entre os instagrammers consultados pelo P3. Rita Cordeiro, Ana Gil e Diogo Oliveira inclinam-se para as fotografias o mais natural possíveis (sem desprezar alguma edição e planeamento). Wandson Lisboa e Vítor Almeida não dispensam uma boa produção.

Algumas imagens do designer brasileiro passam por um longo processo de produção (a “boa história” é que importa, lembram-se?): “Existem casos onde a produção de uma foto leva semanas para que consiga ter tudo”, contou ao P3. Já Vítor Almeida descobre quase sempre uma “diferença enorme” entre as fotografias sem e com edição: “É como uma boa makeup”, diz, faz milagres. 

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