Ecossistemas de inovação

As cidades são "seres" complexos e dinâmicos que contêm no seu seio um sem número de actores relevantes para o desenvolvimento, do sector público ao privado, contando com cidadãos com um nível médio de educação elevado e jovens quadros empreendedores

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JINDONG H/Unsplash

Ouvimos muitas vezes falar das cidades enquanto ecossistemas e de conceitos como “ecossistemas de inovação”. Mas afinal como podem os "ecossistemas de inovação" ser consolidados e ajudar os espaços urbanos a desenvolver novas abordagens que sejam eficazes?

As cidades são "seres" complexos e dinâmicos que contêm no seu seio um sem número de actores relevantes para o seu desenvolvimento, do sector público ao privado, contando com cidadãos com um nível médio de educação elevado e jovens quadros empreendedores. Entre os actores relevantes devemos considerar os órgãos públicos decisores aos vários níveis, incluindo o municipal, mas também o conjunto alargado de actores privados ou resultantes de parcerias público-privadas, fundamentais numa estratégia de inovação: as universidades, os centros de investigação, as empresas, a indústria, as associações industriais,etc.

A referência a "ecossistemas de inovação" remete claramente para a analogia aos ecossistemas biológicos pondo em evidência a multiplicidade, a interdependência e o fenómeno de co-evolução entre os actores que o compõem, todos irmanados num objectivo comum (a sobrevivência das espécies biológicas ou o crescimento das empresas participantes). Os "ecossistemas de inovação" seguem conceitos anteriores, como os "clusters", adaptando-os a uma nova realidade induzida pela internet e pela "economia app".

Num contexto de inovação é difícil a uma empresa isolada, especialmente se já consolidada num segmento de mercado, competir com a dinâmica de criação de novos modelos de negócio pensados a partir de novas dinâmicas sociais ou com a utilização de novas tecnologias que um ecossistema de inovação pode permitir, especialmente quando os actores são capazes de investir numa fase de "cooperação" apesar de poderem vir a estar em "competição" no mercado (aproximação conhecida como "coopetição"). Pequenas empresas, normalmente mais ágeis, encontram nos parceiros do ecossistema os recursos que não possuem sem por isso se integrarem em redes abertas, já que os ecossistemas normalmente auto-delimitam as suas fronteiras por um critério específico (sector de mercado, tecnologia usada, modelo de negócio, etc).

Ora as cidades estão ávidas de novos serviços que dêem resposta aos múltiplos desafios ambientais, de mobilidade, de energia, de recolha de lixos, de distribuição de bens essenciais como a água, de disponibilização de serviços públicos em linha, de modelos de participação activa dos cidadãos na gestão pública, etc. Sendo assim, "ecossistemas de inovação" constituem-se como um veículo fundamental para congregar os actores relevantes e levá-los a criar soluções inovadoras, utilizando os recursos humanos locais e tirando partido do conhecimento gerado por entidades como as universidades.

Especialmente se as cidades forem capazes de reforçar o ambiente de "startups" atraindo capital de risco e facilitando condições de instalação, incubação e "scaling up", disponibilizando dados abertos, facilitando testes à escala e apresentando-se como primeiros compradores, então as cidades terão à sua disposição soluções inovadoras para os seus desafios e contribuirão para a fixação de quadros e a qualidade de vida dos seus cidadãos.

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