Vida sénior: envolvimento e participação social

A promoção da participação social das pessoas idosas tem sido apontada como estratégia-chave para a sustentabilidade social. Se todos se sentirem envolvidos e activos, asseguram uma melhor saúde – física e mental – e satisfação de vida.

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O aumento crescente da representatividade das pessoas com 65 e mais anos, fruto da conquista do prolongamento da esperança média de vida, deve impulsionar novas medidas que reconheçam o valor da idade e o lugar dos mais velhos na sociedade. Este conhecimento não é recente: já em 1991 a participação foi nomeada como um dos Princípios das Nações Unidas para as Pessoas Idosas, a par da independência, assistência, realização pessoal e dignidade.

Desde esse período, é meritória a evolução que se verificou em Portugal no que diz respeito ao direito de assistência médica, de serviços sociais e recursos sociossanitários. Mas as necessidades de auto-realização e participação continuam a ser vistas como secundárias, um capricho.

A mudança que se advinha e na qual devemos estar empenhados é a construção de uma sociedade para todas as idades, sem rótulos e atitudes idadistas, em que as pessoas, independentemente da idade, possam estar em interacção, partilha e desenvolvimento.

A promoção da participação social das pessoas idosas tem sido apontada como estratégia-chave para a sustentabilidade social. A experiência, sabedoria e conhecimento adquirido de quem viveu mais anos, aliados à maior disponibilidade de quem já passou à reforma, é um recurso valioso que não pode ser de todo desperdiçado. Ao invés, enquanto filhos, netos, vizinhos, amigos, cidadãos, devemos valorizar e apoiar a participação social dos mais velhos.

Os benefícios para os próprios também são claros. Um dos estudos mais consistentes e de maior impacto da área do envelhecimento, o MacArthur Study of Successful Aging, iniciado em 1988 com o objectivo de identificar os factores associados ao envelhecimento bem sucedido (Rowe & Kahn, 1998), revela que a participação em actividades que permitam à pessoa continuar a sentir-se envolvida e activa no meio está associada a melhor saúde, física e mental, e satisfação de vida.

A participação social permite o estabelecimento de relações sociais, conhecendo novas pessoas e convivendo com outras que já se conhece, e o exercício de competências. Para isso devem privilegiar-se iniciativas que possibilitem uma ocupação com sentido, que promova a valorização, utilidade e agência pessoal e a activação de reservas, recursos, aptidões e capacidades.

A liberdade de escolha e o tempo associado ao período pós-reforma podem ser uma fonte de oportunidades para explorar actividades que dêem sentido ao dia-a-dia. Além dos interesses e circunstâncias pessoais, a escolha de actividades deve ter em conta as oportunidades existentes no meio envolvente, as exigências da actividade, as alterações que a actividade vai providenciar e o valor que vai ter para a sociedade.

Algumas opções de participação:

  • Actividades de lazer e recreação – permitem a distracção e, se desenvolvidas em grupo, promovem a convivência e o aumento de relações;
  • Actividades de educação – possibilitam aprender, relembrar ou até ensinar, criar novas amizades e estimular as capacidades intelectuais;
  • Actividades de voluntariado – permitem desenvolver acções gratificantes e com visibilidade social em prol dos outros, indivíduos, famílias e comunidade;
  • Actividades intergeracionais – possibilitam uma aprendizagem mútua, através da partilha de habilidades e experiências, aumentando, deste modo, a compreensão e o respeito entre estas gerações;
  • Actividades com recurso a novas tecnologias da informação e comunicação – permitem uma “ligação ao mundo” fácil e imediata, nomeadamente através do contacto com amigos e familiares via email ou redes sociais e do acesso a informação sobre a actualidade e assuntos de interesse;
  • Actividades religiosas – favorecem a participação de pessoas que possam encontrar-se em risco de isolamento

Esta é uma conquista que deve ser concretizada, simultaneamente, a vários níveis: individual, organizacional e político, e que por isso depende de todos nós.

 

 

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