Velha escola na Senhora da Hora vai receber aviões a sério

Inauguração está prevista para os primeiros meses de 2017. São cerca de 2000 metros quadrados de área bruta divididos por áreas de cariz educativo e lazer e por um sector dedicado a exposições, que contará com aviões reais.

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Hugo Santos

A escola primária do Sobreiro, na Senhora da Hora, fechada há cerca de 5 anos, vai ter uma nova função. O antigo estabelecimento de ensino vai ser, a partir do início do próximo ano, um espaço de divulgação aeronáutica. O edifício foi cedido pela Câmara de Matosinhos a custo zero, em regime de comodato, à associação AcrobaticGadget, mentora do projecto e responsável pelas obras de reconversão da escola.

As obras de restauro do edifício estão quase terminadas. No primeiro andar, ao mesmo tempo que se vão fazendo os últimos ajustes, já se trabalha na secretaria para que daqui a umas semanas comecem a chegar os primeiros aviões que vão ocupar o antigo recreio do Sobreiro.

São cerca de 450 metros quadrados de área coberta e cerca de 1600 ao ar livre que poderão ser visitados por todos os aficionados e curiosos pelo mundo da aviação. A área exterior ficará reservada para a exposição de aviões reais. Na área interna, acessível ao público, vai haver uma sala de exposição de réplicas, uma oficina, um espaço de formação e uma sala que vai simular a dinâmica de um aeroporto do ponto de vista operacional, composta por dois simuladores de aviões e outro de operação de uma torre de controlo.

O presidente da associação, Octávio Pinhal, que mostrou ao PÚBLICO o avanço da obra, explica que este espaço, que nos últimos meses foi sendo divulgado pela autarquia com a designação de Museu da Aviação,  não será um “mero museu estático”. Primeiro porque em termos formais não é um museu e depois porque o principal objectivo é o de que “os visitantes possam interagir e mexer no material exposto”, afirma. Às exposições, que serão parte importante do projecto, soma-se uma componente pedagógica e de lazer. 

Este centro de divulgação aeronáutica, cuja designação oficial ainda não está decidida, de acordo com o presidente da associação, quer-se de portas abertas a todos os públicos. Desse público farão parte também as crianças, a quem será dada a oportunidade de participarem em actividades de “cariz educativo” para que possam compreender o funcionamento de um avião, no sentido de se acabar com alguns mitos e medos associados ao acto de voar. Ao público em geral será dada a oportunidade de sentir a sensação de pilotar um avião, recorrendo aos simuladores, de mexer no motor de uma aeronave, de entrar dentro de uma ou de ver uma delas em funcionamento. No mesmo espaço, serão também leccionadas aulas teóricas de pilotagem para pilotos comerciais.

Octávio Pinhal conta que este é um sonho de 20 anos que só mais recentemente começou a ver a luz do dia, quando a proposta foi apresentada à autarquia. Proposta que diz ter sido bem aceite e “na hora”, por ser considerado algo de inovador. Explica que há outros projectos nacionais dedicados à aviação, mas acredita que este marca a diferença pela dimensão e por privilegiar a interactividade com o visitante. À câmara de Matosinhos diz ter sido pedido apenas um espaço para que o projecto pudesse arrancar, comprometendo-se a associação a arcar com todas as despesas de restauro do edifício, valor que rondará os 50 mil euros. Montante que diz ter sido angariado por todos os associados, que o fizeram subtraindo uma parte do seu orçamento pessoal. Todas as peças de exposição serão disponibilizadas através de parcerias com entidades, que ainda não podem ser reveladas, por se tratar de uma matéria ainda em negociação. Contudo, conta que a autarquia acabou por contribuir também com uma ajuda financeira. No entanto, sublinha que a associação sem fins lucrativos tem como princípio “ficar à margem de qualquer tipo de dependência” e por isso afirma que o projecto funcionará sem essa preocupação e de forma independente: “Esta ideia nasce de uma paixão antiga e pelo amor à camisola”, diz. 

Paixão que começou em 1967, quando assentou praça como militar da Força Aérea, onde ficou durante seis anos. Na Guiné, para onde foi destacado na Guerra Colonial, fazia a manutenção dos aviões. Foi aí, diz, que “ficou o bichinho”. Interesse que partilha com os associados que, num “esforço conjunto”, deram vida a um sonho antigo. 

Segundo a autarquia, a escola foi cedida para o projecto em regime de comodato pelo período de 2 anos, com possibilidade de renovação. Foram ainda atribuídos pela câmara dois subsídios à associação AcrobaticGadget: um para comparticipação das actividades a desenvolver, no valor de 1500 euros, e outro, de 28 mil euros, para adaptação das instalações.

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