Septuagenário que criticou deputado do PSD condenado a pagar mais de 4 mil euros

O deputado do PSD referiu-se ao envelhecimento da população como "peste grisalha". O arguido não gostou e respondeu em carta aberta. Agora, o tribunal condena-o a uma multa de 4200 euros.

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Tribunal afirma "que o direito da liberdade de expressão tem limites" Miguel Manso/PÚBLICO

Um homem de 72 anos residente em Coimbra vai ter de pagar 4200 euros por um crime de difamação contra o deputado do PSD Carlos Peixoto, segundo um acórdão do Tribunal da Relação de Coimbra (TRC).

O arguido tinha sido condenado pelo Tribunal de Gouveia ao pagamento de 1200 euros de multa, além de uma indemnização de três mil euros ao deputado social-democrata, mas recorreu para o TRC, que confirmou agora a decisão.

Em causa está uma carta aberta escrita pelo septuagenário, reformado, em resposta a um artigo de opinião do parlamentar, no qual este se referia ao envelhecimento da população portuguesa como a "peste grisalha".

Na missiva, o arguido dá a entender que Carlos Peixoto tem aversão aos idosos e usa expressões que, segundo os juízes desembargadores, são "insultuosas e susceptíveis de abalar a honra e a consideração pessoal, política e familiar do assistente".

Para os juízes desembargadores, a carta aberta, que foi publicada num jornal local em 2013, "nada tem que ver com o confronto de ideias e apenas pretende rebaixar o assistente".

"O arguido pode não gostar do artigo de opinião escrito pelo assistente e tem o direito de o criticar e atacá-lo de forma contundente. Porém, o direito da liberdade de expressão tem limites", refere o acórdão, datado de 12 de Outubro e a que a Lusa teve acesso.

A carta aberta dirigida ao parlamentar eleito pelo distrito da Guarda começa com uma citação de Oscar Wilde: "Os loucos por vezes curam-se, os imbecis nunca."

“A dimensão do nome que o titula como cidadão deve ser inversamente proporcional à inteligência – se ela existe – que o faz blaterar descarada e ostensivamente composições sonoras que irritam os tímpanos do mais recatado português", lê-se num excerto da carta escrita pelo arguido.

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