Um Banco de Óculos para quem não os pode comprar (e para poder doar)

Projecto quer dar resposta a pessoas carenciadas que não conseguem comprar óculos. Quem tiver óculos graduados que já não use pode ajudar

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Crise aumentou número de pessoas que, tendo problemas de visão, não têm como pagar óculos tpsdave

Ficam perdidos nas gavetas de casa porque deixaram de ter utilidade, mas podem ser exactamente o que outra pessoa precisa. Foi a pensar nessa realidade que nasceu o Banco de Óculos, um projecto que quer oferecer óculos graduados usados a pessoas carenciadas.

O funcionamento é simples: o Banco de Óculos vai colocar pontos de recolha em escolas, supermercados, instituições, empresas e até paróquias e quem quiser oferecer só tem de os depositar. Depois, os voluntários do projecto fazem a recolha e entregam os óculos em ópticas parceiras do Banco de Óculos. Após consultas de rastreio em oftalmologistas, também eles voluntários, os óculos são então entregues a pessoas carenciadas.

A iniciativa — lançada na passada quinta-feira, Dia Mundial da Visão — acontece numa altura em que se vive "uma necessidade premente" de óculos, da qual os oftalmologistas têm conhecimento nos seus consultórios, quando se apercebem que os doentes não compraram os óculos recomendados ou manifestam dificuldades em fazê-lo.

"Há muita gente que não compra os óculos, ou não vai ao médico, porque receiam ter de comprar os óculos e não têm dinheiro", lamentou em declarações à Agência Lusa Maria João Quadrado, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, que se associou à ideia.

O problema, acrescentou, agravou-se com a crise: "A situação é transversal às idades e à diferenciação económica. Algumas pessoas, que há cinco anos tinham algumas possibilidades, passaram de ter quase tudo para quase nada."

A falta de diagnóstico e do uso indevido de óculos é mais preocupante nas crianças, onde uma ausência de correcção pode significar defeitos permanentes na visão. "Nas crianças é gravíssimo não usarem óculos quando precisam. É fundamental, caso contrário pode haver defeitos permanentes", sublinhou. A falta de visão é ainda causa de outros acidentes, como quedas, e tem efeitos a nível psicológico, pois pode pôr em causa o convívio social.

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