"O PS tem agora as mesmas intenções de voto que PSD e CDS"

Três perguntas a Pedro Magalhães: o investigador do Instituto de Ciências Sociais diz que é cedo para se tirarem conclusões das sondagens, mas há uma evolução que tem favorecido a esquerda.

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Pedro Magalhães diz que pode surgir a questão do equilíbrio entre PCP e BE FERNANDO VELUDO/nFACTOS

Pedro Magalhães é investigador no Instituto de Ciências Sociais e acredita que ainda é cedo para se fazer uma leitura definitiva sobre as tendências das sondagens, até porque há apenas dois barómetros, com algumas variações. Mas há algumas análises possíveis.

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Pedro Magalhães é investigador no Instituto de Ciências Sociais e acredita que ainda é cedo para se fazer uma leitura definitiva sobre as tendências das sondagens, até porque há apenas dois barómetros, com algumas variações. Mas há algumas análises possíveis.

Os portugueses votariam da mesma maneira do que há um ano?
Importa, antes de mais, ter em conta que estamos dependentes apenas dos resultados de duas empresas que fazem sondagens mensais. Há demasiadas opções técnicas que influenciam os resultados de uma sondagem para nos podermos sentir confiantes com os que resultem de apenas duas sondagens por mês conduzidas por duas empresas. Só para termos um ponto de comparação — admito que extremo — nos Estados Unidos, só na última semana, tivemos resultados de sondagens nacionais feitas por dez empresas diferentes.

Dito isto, há cerca de um ano, nas eleições, o PS teve 32% dos votos, o PSD e o CDS juntos mais do que 38%, o BE cerca de 10% e a CDU cerca de 8%. Conjugados, os resultados das sondagens mais recentes que conhecemos apontam para que PS tenha agora, aproximadamente, as mesmas intenções de voto que a soma de PSD e CDS e para uma relativa estabilidade das intenções no BE e na CDU. É uma mudança, mas é não é muito dramática.

Caso fossem esses os resultados de uma hipotética eleição, a única questão nova que trariam seria a de saber se o PS precisaria apenas do apoio parlamentar de um dos partidos à sua esquerda. Mas com estes resultados, essa questão está sempre rodeada de incerteza, e basta ver como as intenções de voto mudaram durante o Verão de 2015 para percebermos como entre uma campanha real e um hipotético “como votaria hoje” pode haver uma grande diferença.

É favorável a António Costa que se mantenha um equilíbrio entre PCP e BE?
Para a estabilidade da actual solução de apoio parlamentar, é sem dúvida importante que nem o BE nem a CDU desçam muito nas sondagens. A percepção de que o status quo eleitoral se estaria a modificar significativamente criaria incentivos para que os partidos revissem as suas estratégias, tendo em mente futuras eleições. Mas nesse quadro é também importante que o PS não cresça demasiado.

A percepção clara de que o PS, depois uma nova eleição, deixaria de precisar do apoio de um ou até dos dois partidos à sua esquerda, tenderia a colocar o actual acordo em tensão, obrigando os partidos a reposicionarem-se e a tentar reforçar as suas diferenças em vez das suas convergências. Mas parece-me ainda muito cedo para que essa questão se coloque de forma acutilante.

Como se avalia a intenção de voto no PSD e no CDS?
As histórias são contraditórias nas duas empresas que conduzem sondagens regulares. Numa, o PSD está estável e é o CDS que desce continuamente desde Dezembro. Noutra, o CDS está estável e o PSD desce continuamente desde Março. Numa, as avaliações positivas da actuação de Passos Coelho crescem desde Fevereiro. Noutra, descem desde Janeiro. Não é fácil avaliar a evolução das intenções de voto e do apoio popular ao PSD e ao CDS quando nem sequer nos conseguimos entender sobre que evolução será essa…