Equilíbrio entre PCP e BE nas sondagens dá descanso a Costa

No último ano, as intenções de voto foram sofrendo melhorias ténues a favor do PS, mas manteve-se um equilíbrio entre os partidos à esquerda. Autárquicas vão ser o desafio.

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As intenções de voto não sofreram alterações radicais Daniel Rocha

Um ano depois das eleições, as intenções de voto têm mudado, mas sem radicalismos. As sondagens dizem a António Costa que não houve uma penalização da solução de Governo que criou, mas que também ainda não há uma euforia com o que está a fazer. E mostram que se têm mantido constantes as intenções de voto no PCP e no BE. Boas notícias para o primeiro-ministro, dizem analistas, que terá prova de fogo nas eleições autárquicas, ou seja, quando passarem os dois anos de mandato.

Pedro Magalhães olha para os números e diz que - apesar da dificuldade de análise tendo em conta que existem "demasiadas opções técnicas que influenciam os resultados de uma sondagem" por só existirem duas empresas a fazer análise mensal -, os resultados "apontam para que PS tenha agora, aproximadamente, as mesmas intenções de voto que a soma de PSD e CDS". Por outro lado, há "uma relativa estabilidade das intenções no BE e na CDU".

Tendo sempre em conta a volatilidade das intenções de voto, que, lembra o investigador do Instituto de Ciências Sociais, ficou bem patente no verão do ano passado, antes das legislativas, pode dizer-se que esta "mudança", mesmo que não "muito dramática", põe a descoberto um outro risco: se o PS crescer muito mais do que os seus parceiros ou se houver um grande distanciamento entre PCP e BE, fica em causa o equilíbrio do próprio Governo.

As intenções de voto nos estudos de opinião da Eurosondagem (barómetro mensal para a SIC e o Expresso) e da Aximage (barómetro para o Negócios e o Correio da Manhã) têm variações muito baixas para os dois partidos à esquerda do PS no último ano (entre 7% e os 8% no caso da CDU e os 10% para o BE). São contudo dados difíceis de analisar, tendo em conta a amostra, mas também são dados que não diferem muito dos resultados eleitorais de Outubro do ano passado: continuam a dar o PCP abaixo do BE, mas sem grandes distanciamentos.

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Este equilíbrio pode ser visto como uma das principais conquistas de António Costa. Mas, diz Pedro Adão e Silva, comentador e professor no ISCTE, "as autárquicas são importantes". 

As eleições para as câmaras, sempre importantes para o PCP, realizam-se no Outono de 2017, quando o Governo estiver a celebrar dois anos de mandato. "O PCP não se pode sentir como o elo mais perdedor desta aliança", defende Adão e Silva.

Olhando para as sondagens, o comentador acredita que "as variações de voto são interessantes porque têm mudado pouco". "Havia quem defendesse que esta viragem estratégica ia ser penalizada pelo eleitorado, mas pelo contrário, mostram que os eleitorados dos três partidos desejavam esta mudança, que as intenções de voto estão estabilizadas e até que a tendência é de algum crescimento", aponta. Ao contrário do que aconteceu em outros países na Europa,os partidos acabaram por "alinhar o seu comportamento com a vontade eleitoral" e isso nota-se nas sondagens, diz.

Nos estudos de opinião, como nos resultados eleitorais, é importante que o equilíbrio se mantenha, defende Daniel Oliveira: "Para a 'geringonça', o ideal é que fique tudo como está para o PCP não perder peso". O comentador e ex-dirigente do Bloco, numa visão de longo prazo, antecipa que seria "bom para António Costa se em Lisboa tivesse de replicar a solução que encontrou para o país".

Já à direita do PS, a leitura é mais dificil de fazer. Pedro Magalhães prefere não arriscar numa avaliação, uma vez que há uma grande flutuação nas sondagens conhecidas: "Numa, as avaliações positivas da actuação de Passos Coelho crescem desde Fevereiro. Noutra, descem desde Janeiro. Não é fácil avaliar a evolução das intenções de voto e do apoio popular ao PSD e ao CDS quando nem sequer nos conseguimos entender sobre que evolução será essa".

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