Destruído mural de Banksy que satirizava a espionagem britânica

O trabalho, que apareceu em Abril de 2014 em Cheltenham, já tinha sido vandalizado várias vezes.

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Como a maior parte dos murais de Banksy, Spy Booth surgiu do dia para a noite na parede de uma casa em Cheltenham, no Gloucestershire, a poucos quilómetros do edifício do Government Communications Headquarters (GCHQ), a sede do serviço de inteligência responsável pela segurança das comunicações britânicas que informa directamente o governo e as forças armadas.

O mural mostrava três agentes pintados ao estilo dos anos 1950, envergando gabardines castanhas e chapéus fedora e manipulando dispositivos tecnológicos para controlar as conversas de uma cabine telefónica. Desde o seu surgimento, já tinha sido vandalizado várias vezes, mas agora desapareceu por completo, segundo a agência britânica Press Association.

Spy Booth tinha sido pintado numa casa georgiana posta à venda em Janeiro por cerca de 242 mil euros, de acordo com o jornal britânico The Guardian. A casa tornou-se uma das mais fotografadas do Reino Unido após servir de tela ao trabalho do artista, na altura em que foram reveladas informações relativas à GCHQ na sequência do escândalo sobre a actividade da National Security Agency protagonizado por Edward Snowden.

Banksy confirmou que o trabalho era seu e que a casa tinha sido incluída na Lista de Edifícios de Especial Interesse Arquitectónico ou Histórico, impossibilitando o futuro proprietário de remover o trabalho e lucrar com a sua venda.

Em Fevereiro de 2015, o Cheltenham Borough Council garantiu que seria seguida uma política de planeamento com autorização, o que implicaria que o trabalho não poderia ser removido sem a aprovação. No entanto, imagens do local mostram a destruição da parede, com os restos da estrutura caídos à volta da cabine telefónica. Segundo o jornal local britânico Gloucestershire Live, um homem foi visto este sábado no local, que tem estado ocupado por andaimes, a perfurar a casa com uma broca. A polícia de Gloucestershire adiantou à Press Association não ter havido qualquer denúncia de crime.

Steve Jordan, líder do Cheltenham Borough Council, afirmou que “estariam a decorrer trabalhos para substituir o emboço das paredes”, mas reconheceu que não tinha conhecimento da demolição do mural. “Certamente que a situação será averiguada”, assegurou. A população local já tinha feito uma campanha para salvar a obra de arte em Fairview Road, depois de uma tentativa para a remover e vender em Julho de 2014. Em resposta a um tweet do jornalista da BBC Steve Knibbs, um utilizador chamado Michael Tonge dá voz aos locais. “[O mural] vai regressar. Já foram feitos planos”, deixa no ar.

Texto editado por Inês Nadais

O artigo foi corrigido às 10:50 do dia 22 de Agosto; a casa onde figurava o mural foi posta à venda por cerca de 242 mil euros e não 242 milhões de euros como notado anteriormente.

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