Prémio PhotoEspaña para o holandês Harry Gruyaert

Principal distinção do festival de fotografia madrileno reconhece um “estilo pioneiro e inconfundível” na obra de Gruyaert. O espanhol Cristóbal Hara ganhou o prémio Bartolomé Ros.

Fotogaleria
Antuérpia, Carnaval, 1992 Harry Gruyaert/Magnum Photos
Fotogaleria
Amil, 2000, do livro "Contranatura" Cristóbal Hara
Fotogaleria
Cristóbal Hara, à esquerda na imagem, e Harry Gruyaert durante a atribuição dos prémios PhotoEspaña

O fotógrafo holandês Harry Gruyaert foi reconhecido com o prémio PhotoEspaña, a mais importante distinção do festival de fotografia e artes visuais que decorre em Madrid e em várias cidades europeias até ao final de Agosto. O espanhol Cristóbal Hara ganhou o prémio Bartolomé Ros, uma distinção voltada para os artistas espanhóis.

O festival madrileno, um dos maiores encontros de fotografia a nível europeu, sublinhou em comunicado um “estilo pioneiro e inconfundível” na obra de Harry Gruyaert (Antuérpia, 1941), que influenciou gerações de fotógrafos e marcou tendências nos anos 70 e 80. A obra de Gruyaert é marcada por um uso intenso da cor com a intenção de transmitir a atmosfera e a vibração das variadíssimas paisagens e geografias por onde passou. A organização do PhotoEspaña releva ainda o estilo “distintivo” que conseguiu impor nas suas imagens que resulta “da forma requintada com que trabalha a luz”. Este trabalho deu (e continua a dar) origem a “uma iconografia cheia de beleza, harmonia e autenticidade”.

Gruyaert é “um viajante incansável”. As imagens que produziu durante as suas inúmeras deslocações “passaram a fazer parte do património fotográfico europeu” e colocaram-no “entre os maiores mestres da fotografia a nível mundial”.

O fotógrafo holandês estudou na Escola de Fotografia e Cinema de Bruxelas entre 1959 e 1962. Enquanto trabalhava como director de fotografia para a televisão flamenga, começou a carreira de fotógrafo freelance em Paris. Em 1969, viajou pela primeira viagem para Marrocos, um país ao qual voltaria muitas vezes e que veio a assumir uma importância fundamental na sua obra. Esse corpo de trabalho valeu-lhe o Kodak Prize em 1976. A par das imagens de Marrocos, as fotografias que captou para a série Made in Belgium tornaram-no internacionalmente conhecido.

As fotografias de imagens de televisão viriam a tornar-se numa das suas marcas: “Estava a viver em Londres no final dos anos 1960 quando me apercebi do poder da televisão em lavar-nos o cérebro. A partir daqui quis fazer um retrato da Inglaterra fotografando o ecrã de televisões”. Das TV Series fazem parte imagens televisivas (captadas em Munique durante os Jogos Olímpicos de 1972) do lançamento de um dos vaivém da missão Apolo, que colocou vários astronautas na superfície da Lua, entre 1969 e 1972.

Harry Gruyaert juntou-se à cooperativa de fotógrafos Magnum em 1981 e tornou-se membro efectivo em 1986. Na curta nota biográfica publicada no site da Magnum, a agência ressalta a capacidade de Gruyaert em transportar-nos para dentro de “peculiares” e por vezes “impenetráveis” atmosferas, nunca cedendo “aos estereótipos do exotismo” de países muito distantes.

Na edição deste ano do PhotoEspaña é possível admirar fotografias de Gruyaert na exposição colectiva Transiciones. Diez años que transtornaran Europa. Colección Motelay, uma mostra que junta alguns dos mais relevantes fotógrafos europeus que, nos anos 80, tentaram dar imagem ao colapso de uma sociedade baseada no antigo modelo industrial.

Por seu lado, Cristóbal Hara (Madrid, 1946) foi reconhecido pela “originalidade, visão singular e profundidade” do trabalho que tem apresentado ao longo das últimas décadas.

O Prémio PhotoEspaña reconhece a trajetória profissional de um artista, qualquer que seja a sua nacionalidade. Entre os vencedores de edições anteriores contam-se os nomes de Bernard Plossu, Alberto García-Alix, Thomas Ruff, Graciela Iturbide, Malick Sidibé, Martin Parr, Robert Frank, Hiroshi Sugimoto e Helena Almeida.

O Prémio Bartolomé Ros reconhece as carreiras mais relevantes na fotografia espanhola. Entre os antigos vencedores estão Gervasio Sánchez, Carlos Pérez-Siquier, Fundació Foto Colectania, Chema Madoz, Isabel Muñoz, Alejandro Castellote, Joan Fontcuberta, Ramón Masats e Cristina García Rodero.

Os fotolivros do ano

Os prémios para os melhores fotolivros do ano também já são conhecidos. The walls don´t speak/Les Murs ne parlent pas (edição da Kehrer Verlag), de Jean-Robert Dantou e Florence Weber Kehrer, recebeu o prémio de melhor fotolivro, na categoria internacional. Die Traumadeutung (edição da Fundación María Cristina Masaveu Petersen), de Joan Fontcuberta, ganhou na categoria nacional. E na categoria de edições de autor venceu Guadalupe Ruiz, com Kleine Fotoenzyklopädie, que também ganhou o prémio para a melhor editora independente, a norte-americana Radius Books.

Sugerir correcção
Comentar