Investigadores de seis países europeus estão a desenvolver uma tecnologia vanguardista de apoio às indústrias criativas através da simulação da criatividade humana nos computadores, anunciou esta quarta-feira, 3 de Fevereiro, a Universidade de Coimbra (UC).

Dispondo de um financiamento da União Europeia superior a três milhões de euros, o projecto é coordenado pela universidade inglesa Queen Mary University of London e envolve uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC (FCTUC). Baseando-se em modelos cognitivos dos humanos, os cientistas estão a desenvolver programas de "software" que possam ter o desempenho criativo dos humanos, refere a UC.

"Estamos a construir um sistema de grande complexidade que, entre outras fases, pretende simular os mecanismos da consciência humana com vista a ter no final uma tecnologia apta a interagir com o mundo externo", explica Amílcar Cardoso, coordenador da equipa nacional. O projecto preconiza uma tecnologia que seja "capaz, por exemplo, de pesquisar e ler na internet, de consultar bases de dados, de arriscar caminhos improváveis e de produzir conteúdos que nunca nos passaria pela cabeça", sublinha o investigador.

Mas "é também importante que este sistema tenha sentido autocrítico", adverte Amílcar Cardoso, citado pela UC. Com base nos mecanismos da mente humana, o projecto — já com dois protótipos de mistura de ideias e invenção de conceitos — "visa ter um sistema computacional viciado no trabalho, que gosta de explorar caminhos fora do habitual e mesmo improváveis para efectuar as suas tarefas e, no final, surpreender os humanos com ideias extraordinárias, mas exequíveis", ilustra o docente do Departamento de Engenharia Informática da FCTUC.

Esta pesquisa de "exploração do potencial criativo dos recursos computacionais para a sociedade pretende contribuir para um salto qualitativo na área da criatividade computacional", acrescenta Amílcar Cardoso. Denominado ConCreTe — Concept Creation Technology (tecnologia para a criação de conceitos), o projecto começou a ser desenvolvido em 2013.