Marcelo, o candidato que vem “da esquerda da direita”

O antigo comentador esteve esta manhã em Foz Coa e na Guarda.

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Miguel Manso
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Marcelo Rebelo de Sousa quer afastar o fantasma da segunda volta e rejeita comparações com as presidenciais de 1986 disputadas na última ronda por Freitas do Amaral e por Mário Soares. Se Freitas vinha “da direita da direita”, Marcelo vem “da esquerda da direita” e isso – acredita – é toda uma diferença. Nessa altura a campanha foi “muito ideológica” e com “clivagens profundas”. O candidato, que é “recomendado” pelo PSD e pelo CDS, esteve na manhã desta segunda-feira em Foz Coa, a visitar o museu das gravuras rupestres, e na Guarda, num contacto com a população em que esteve o líder da distrital do PSD, Álvaro Amaro, e Carlos Peixoto, o deputado social-democrata eleito pela região.

À chegada à cidade da Guarda, junto a uma pastelaria, um eleitor atirou-lhe: “Professor, ganhe-me isso à primeira, ganhe-me isso à primeira”. Nem de propósito. O café fica na Rua Salgado Zenha e Marcelo encontrou um ex-aluno seu de 1986, o ano das presidenciais em que o candidato da direita perdeu para o da esquerda.

Atrás do balcão, com os microfones apontados para si, Marcelo nega comparações. “Freitas do Amaral vinha da direita, direita, não vinha da esquerda da direita que é uma diferença”, disse. E Marcelo? “Eu venho da esquerda da direita”, respondeu. E isso vai salvá-lo? “O país é muito diferente, com eleições que foram muito ideológicas e estava muito dividido. Os consensos eram muito difíceis naquela altura”, sustentou, acrescentando ainda outro argumento que julga a seu favor: Na altura, o governo era de “centro-direita”. Agora, prosseguiu, não é assim: “há diversidade de projectos mas não há clivagens profundas”. Essas clivagens foram “tão fortes” que “acabaram por impedir o resultado na primeira volta”.

E o ser “da esquerda da direita” vai ajudar a ganhar à primeira?, insistiram os jornalistas. “Naquela ocasião o estilo de campanha era muito ideológico”, respondeu, sustentando que esse cariz desapareceu desde essas presidenciais. Marcelo foi ainda confrontado com a acusação do mandatário de Sampaio da Nóvoa de que teria falhado o serviço militar obrigatório e por isso não poderia ser chefe de Estado Maior das Forças Armadas e Presidente da República. O candidato começou por responder que tem recusado “entrar em polémicas pessoais”, mas acabou por dizer que em 1973 estava a fazer provas de mestrado e “se não tivesse havido o 25 de Abril” tinha sido chamado para a tropa.

No café, bebeu uma água pela garrafa, mas não deixou escapar a tampa, que serve para ajuda solidária: “Dê cá a tampinha, apanho sempre, na faculdade há dois professores que guardam, o Jorge Miranda e eu.” Marcelo seguiu para um pequeno percurso a pé pelo centro da cidade, onde cumprimentou lojistas, alguns dos quais se esconderam no interior da loja porque gostam do “professor Marcelo” mas não querem aparecer na televisão. Debaixo de alguma chuva, o candidato entrou na loja de produtos tradicionais onde lhe foi oferecido um cobertor de “papa”. “É grande?”, perguntou. “Eu desembrulhava, mas o difícil é embrulhar outra vez”.

Ao segundo dia de campanha oficial, Marcelo estava satisfeito com o tipo de almoço que o esperava no Instituto Politécnico da Guarda. “Vou almoçar na cantina. Finalmente uma sandes de queijo se houver”. Foi frugal, de facto, a refeição que levou no tabuleiro para se sentar junto dos alunos. Já, de manhã, Marcelo quis mostrar informalidade. À saída do museu de Foz Coa, dispensou o motorista e foi o próprio a conduzir um automóvel até à Guarda, acompanhado de uma equipa televisiva. “Agora tenho de acelerar”, dizia, na despedida ao presidente da Câmara. “Mas não muito, se não há notícia”.  

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