É só carregar no botão: teleassistência dá resposta imediata a idosos em caso de emergência

O serviço de teleassistência municipal permite que sejam feitos contactos de urgência para manter a autonomia dos idosos nos seus domicílios.

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O serviço é gratuito Guilherme Marques

João Antunes de Oliveira e Maria Guilhermina são casados e moram sozinhos em Benfica. Maria Guilhermina, de 76 anos, tem problemas de mobilidade e o seu marido, de 84, também já não tem as forças necessárias para a auxiliar. Esta terça-feira abriram as portas de sua casa para que fosse instalado o serviço de teleassistência disponibilizado pela Câmara de Lisboa a quem tenha mais de 65 anos ou 60% de deficiência. O serviço é constituído por um telefone simplificado, com teclas grandes e alta voz, e por um pendente com um botão de emergência.

“Já me sinto mais segura”, confessa Maria Guilhermina pouco depois dos Bombeiros Sapadores de Lisboa lhe instalarem o aparelho. “Se o tivesse há mais tempo teria conseguido carregar no botão no dia em que caí, há uns meses”, acrescenta, explicando que tem artrose no joelho e que o marido teve dificuldade em conseguir levantá-la. Os três filhos vivem em São João da Talha, Campo de Ourique e Almada, pelo que seria difícil prestar auxílio de forma rápida numa situação de emergência. “Insisti para que instalassem o aparelho; assim sinto-me mais seguro e sei que estão mais acompanhados”, diz José Carlos Oliveira, um dos filhos.

Para além do dispositivo instalado em casa deste casal, existem cerca de 400 colocados em habitações lisboetas e mais de 300 ainda se encontram disponíveis para quem deles necessite, explica ao PÚBLICO Pedro Silva, subchefe do Regime de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa. “As pessoas podem solicitar o aparelho e o NISAC [Núcleo de Intervenção Social e Apoio ao Cidadão] preenche a folha de adesão e vê se a pessoa reúne os requisitos necessários”, acrescenta. Apenas é necessário que a pessoa tenha mais de 65 anos e que tenha uma linha telefónica da rede fixa.

Paulo Almeida, subchefe do RSB, esclarece que quando o serviço de emergência é accionado, a chamada é encaminhada para a protecção civil, que se encontra numa sala de operações conjunta onde também estão os bombeiros e a polícia municipal.

Para accionar o alarme, o idoso deve carregar durante cinco segundos no botão de emergência ou no botão SOS no telefone. A partir desse momento, é feita uma chamada para o utente e, caso não haja resposta, é contactada a rede informal – constituída por familiares ou vizinhos com chave de casa – e é enviada uma viatura de emergência para o local. “Mais rápido do que isto não pode ser”, conclui o subchefe. O serviço está disponível 24 horas por dia, durante toda a semana. Em caso de engano, a chamada de emergência pode ser cancelada até 15 segundos depois de ter sido realizada.

O pendente com o botão de emergência tem um conjunto de precauções. Paulo Almeida explica ao casal: “Só se usa em casa, não se pode molhar nem se pode dormir com ele” de forma a evitar que o alarme seja accionado inadvertidamente ou que possa magoar alguém na cama. Maria Guilhermina fica com o pendente por ter mais complicações de mobilidade. Enquanto lho coloca ao pescoço, o subchefe insiste que deve pôr o “colar” assim que se levante de manhã e sempre que chegue a casa depois de se ausentar.

Para complementar os serviços de urgência, existe uma rede de voluntariado, constituída por pessoas reformadas, que se oferecem para ligar uma vez por semana para casa de quem usufrui deste serviço. Podem falar um pouco, fazer alguma companhia, perguntar se está tudo bem ou até mesmo dar os parabéns ao utente no seu dia de aniversário. Se não houver resposta do utilizador após sucessivas tentativas de contacto, uma equipa dirige-se ao local para averiguar se não existem complicações.

O serviço de teleassistência, promovido pelo pelouro de Direitos Sociais da Câmara de Lisboa, foi apresentado em 2012 e entrou em funcionamento em 2013, através de um protocolo com a Fundação PT. Tanto o serviço como a sua instalação são gratuitos. A explicação do aparelho aos utentes é feita de forma adaptada tendo em conta as suas capacidades cognitivas.

Como o dispositivo necessita de rede eléctrica para funcionar, podem ser colocadas pilhas recarregáveis, de modo a que os utentes estejam contactáveis mesmo em caso de falha de energia.

Texto editado por Ana Fernandes

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