Portas critica aumento das pensões mínimas previsto pelo PS e ataca PCP

“Temos agora um governo projectado que vai depender das reuniões do comité central comunista”, disse o presidente do CDS na abertura das jornadas Portugal Caminhos de Futuro, no Porto.

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O presidente do CDS, Paulo Portas, criticou com veemência o aumento de 0,3% das pensões mínimas previsto para o próximo ano no âmbito do acordo, a que chamou “geringonça”, entre o PS e os três partidos de esquerda e disse que esse aumento deveria fazer “corar de vergonha” o PCP e o Bloco de Esquerda.

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O presidente do CDS, Paulo Portas, criticou com veemência o aumento de 0,3% das pensões mínimas previsto para o próximo ano no âmbito do acordo, a que chamou “geringonça”, entre o PS e os três partidos de esquerda e disse que esse aumento deveria fazer “corar de vergonha” o PCP e o Bloco de Esquerda.

"Nós já conhecemos hoje a primeira notícia da geringonça, o tal aumento de pensões vai ser de 0,3%", afirmou o também vice-primeiro-ministro, declarando que "o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista deviam corar de vergonha pelo que disseram sobre a coligação” no passado sobre este tema.

Na abertura das Jornadas Portugal Caminhos de Futuro, organizadas pelo PSD e CDS, no Porto, Paulo Portas questionou a plateia: “Lembram-se do que eles diziam quando nós, apesar da troika, aumentávamos sempre as pensões mínimas em 1% ou mais, acima da inflação? E eles diziam é uma vergonha, é uma malga de sopa, é um café. Agora querem aumentar 0,3%".

O vice-primeiro-ministro explicou que a proposta de um eventual Governo de esquerda, liderado pelo PS, prevê "aumentar as pensões mínimas, que são de 262 euros, em 0,3%”. "O nosso aumento eram 37 euros por ano, o deles é 10 euros por ano. O aumento que eles acabam de anunciar, os tais 0,3%, não dá um euro por mês, são mais ou menos dois cêntimos por dia", comparou.

Prova dos factos: O Governo actualizou sempre as pensões mínimas?

A intervenção do líder do CDS teve uma grande componente internacional e sobre esta questão Portas manifestou uma grande preocupação, uma vez que tanto o Bloco como o PCP são partidos “anti-Europa, antieuro”. Perante uma sala repleta de militantes do PSD e do CDS, o vice-primeiro-ministro atirou:” Temos agora um governo projectado que vai depender das reuniões do comité central comunista” e assumiu estar "obviamente preocupado" com o facto de internacionalmente se estar a “estabelecer a percepção de que o governo de Portugal está a ficar dependente de reuniões do comité central do PCP, que toda a gente sabe, é antieuro, anti-União Europeia e anti-NATO".

Criticando “radicalismos”, o governante recuou aos governos provisórios para dizer que “nessa altura, o PS estava na Assembleia da República para lhes fazer frente. Agora está dependente do PCP”. Na sala ouviu-se uma grande salva de palmas.

“Uma nódoa na história do PS”
Muito aplaudido foi também Jorge Moreira da Silva, que apontou baterias contra o PS. O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território não perdoa a António Costa o facto de ter patrocinado o derrube do actual Governo ao apresentar uma moção de rejeição ao seu programa e classificou a operação como “imoral, ilegítima e indigna”: “Uma nódoa na história do PS que Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres e António José Seguro não mereciam".

O ministro do Ambiente separou águas, afirmando que a coligação PSD/CDS não confunde "a ética com a lei porque a ética é mais do que a lei. A ética fundamenta-se nos princípios e nos valores”.

Depois esclareceu que os dois partidos do governo agora em gestão não têm "nenhum problema com os eleitores de esquerda", porque estes também estão perante "um quadro de perplexidade". "Esses eleitores votaram num programa e saiu-lhes um prato de lentilhas”, enfatizou, frisando que esta situação "mina a confiança na recuperação da economia em Portugal".

Jorge Moreira da Silva recebeu um estrondoso aplauso quando disse que o que o PS estabeleceu com os três partidos à sua esquerda "não é um acordo, é um ‘caterpillar’, porque a sua vocação foi derrubar e, por outro lado, frisou, "não confere uma solução de governo estável e credível”. “Origina uma solução de governo mais minoritária do que a solução de governo Portugal à Frente", declarou, salientando que "aquela aritmética serviu para destruir, mas não há nenhuma garantia que sirva para construir".

O vice-presidente social-democrata aludiu aos "efeitos de desconfiança e de menor credibilidades que Portugal demorou quatro anos a conquistar com o sacrifício de todos os portugueses" resultantes da queda do Governo. E declarou que as “velhas querelas que estavam arrumadas entre esquerda e a direita” estão de regresso.

E terminou com uma pergunta retórica: "E agora nós o que vamos fazer? Vamos fazer o que sempre fizemos. Defender o interesse Portugal de cabeça levantada. Nós não abandonamos o nosso país".

Falaram ainda os líderes das distritais do PSD e do CDS, após o que os trabalhos das Jornadas Portugal Caminhos de Futuro prosseguiram, mas agora à porta fechada. A iniciativa prossegue esta quinta-feira ao fim da tarde, em Lisboa.

Também nesta quarta-feira, em Setúbal, Pedro Pinto, vice-presidente do PSD, mostrou-se esperançado que Cavaco Silva não dê posse a um Governo do PS. "A alternativa ao Governo PSD/CDS, que está em cima da mesa, não é sustentável. É um acordo muito limitado para que Presidente da República possa dar posse a um governo, tendo em atenção os pressupostos que o Presidente da República tinha apresentado.”, defendeu Pedro Pinto.

Já no Algarve, Fernando Negrão, ministro da Justiça, afirmou que "as pessoas estão “confusas” com o que se está a passar".