A imagem, no final do jogo, de Daniel Hourcade visivelmente emocionado e de lágrimas nos olhos traduz na perfeição a enorme decepção que o râguebi argentino viveu na tarde deste domingo, em Londres. Após um excelente Mundial 2015, os Pumas depararam-se nas meias-finais com uma competente e pragmática Austrália, que soube aproveitar bem os erros dos sul-americanos para marcar encontro, no próximo sábado, com os All Blacks, na grande final da competição.
A garra e o enorme coração que a Argentina colocou sempre em campo neste Mundial voltou a ser visto em Twickenham, mas desta vez, perante uma experiente Austrália, os Pumas cederam e a estratégia de Hourcade começou a ruir logo aos 68 segundos: um passe denunciado de Nicolas Sanchez foi interceptado por Rob Simmons e o segunda-linha, do alto dos seus 200 centímetros, fez um sprint de 30 metros que só parou depois da linha de ensaio.
Com muitos menos quilómetros nas pernas do que o rival em jogos desta responsabilidade, os argentinos acusaram algum nervosismo no arranque e acabaram por sofrer o segundo ensaio, aos 10’: excelente passe de Foley para Ashley-Cooper que, na ponta, fez o seu primeiro toque de meta no jogo.
Com Michael Hooper e David Pocock em grande destaque na luta dos packs avançados, os Wallabies começaram a gerir o jogo com inteligência e a reacção dos Pumas ficou comprometida, aos 26’, após Lavanini ver um cartão amarelo por placagem perigosa. E a vantagem numérica não foi desperdiçada pelos australianos: seis minutos depois, após uma boa circulação de bola, Ashley-Cooper voltou a marcar na ponta.
Com 13 pontos de desvantagem (19-6), a Argentina via-se em maus lençóis e o cenário para os Pumas ainda se tornou mais complicado com a saída por lesão na primeira meia hora de dois jogadores importantíssimo para a selecção sul-americana: Juan Imhoff e Agustin Creevy.
O regresso dos balneários mostrou, todavia, uma Argentina decidida a não deitar a toalha ao chão e após um ping pong de penalidade entre Sanchez e Foley, chegou-se aos últimos 10 minutos com tudo por decidir e apenas sete pontos de vantagem para a Austrália (22-15).
A necessitarem de um ensaio convertido para empatar, os Pumas acreditavam que era ainda possível fazerem história e chegaram pela primeira vez a uma final de um Mundial, mas a oito minutos do fim, Ashley-Cooper voltou a atacar. Após uma grande arrancada de Drew Mitchell, a bola chegou às mãos do ponta dos Warathans que completou o seu hat-trick na partida.
O jogo estava resolvido. No próximo sábado, em Twickenham, teremos uma inédita final entre dois velhos conhecidos: All Blacks e Wallabies.
Números do Argentina-Austrália (15-29)
Ensaios:
Argentina – 0
Austrália – 4 (Simmons, 2’; Ashley-Cooper , 10’, 32’ e 72’)
Penalidades convertidas:
Argentina – 5
Austrália –1
Posse de bola:
Argentina – 55 %
Austrália – 45 %
Ocupação de terreno:
Argentina – 54 %
Austrália – 46%
Metros percorridos:
Argentina – 556
Austrália – 352
Placagens realizadas:
Argentina – 95
Austrália – 142
Placagens falhadas:
Argentina – 28
Austrália – 33
Formações ordenadas a favor:
Argentina – 5 ganhas, 0 perdidas
Austrália – 4 ganhas, 2 perdidas
Alinhamentos conquistados ao adversário:
Argentina – 1
Austrália – 1
Penalidades concedidas:
Argentina – 6
Austrália – 12