Lewis Hamilton já é uma das lendas do automobilismo britânico

Aos 30 anos, e a três provas do final da época de 2015, o piloto da Mercedes igualou já o número de títulos de Jackie Stewart.

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Mike Stone/Reuters

Lewis Hamilton nasceu no país que mais campeões do mundo de Fórmula 1 produziu (10). Os britânicos sempre procuraram nele um sucessor das suas lendas do automobilismo e neste domingo viram-no sagrar-se tricampeão.

Numa nação sempre à procura do novo Jackie Stewart, do novo Jim Clark ou do novo Nigel Mansell, não é de estranhar que, desde cedo, também tenham visto Hamilton como um deles.

E a verdade é que, aos 30 anos, e a três provas do final da época de 2015, Hamilton igualou já o número de títulos de Stewart, colocando-se numa posição que, em caso de novo título, o deixa como o britânico mais bem-sucedido na disciplina máxima do desporto automóvel.

Para o estatuto de Hamilton muito contribuiu a sua ascensão quase "meteórica". Em 1995, dois anos depois dos primeiros passos nos karts, ergueu o troféu de campeão do Reino Unido, numa cerimónia que viria a marcar a sua carreira. Presente no evento estava o patrão da McLaren, Ron Dennis, de quem Hamilton se aproximou e disse: "Um dia quero correr para si".

Ron Dennis deu-lhe um autógrafo e na dedicatória escreveu que Hamilton lhe deveria "telefonar dentro de nove anos". Menos de três anos depois já Ron Dennis tinha assinado contrato com o piloto, para o programa juvenil da McLaren Mercedes, com o objectivo assumido de o transformar num campeão do mundo.

Depois da aprendizagem, o jovem Hamilton progrediu para os monolugares da Fórmula Renault series em 2002, um campeonato que ganhou no seu segundo ano. Logo na época a seguir, em 2004, passou para a Fórmula 3 Euroseries e, de novo ao segundo ano, ergueu o troféu. Seguiu-se a GP2 Series, campeonato que ganhou logo na época de estreia, em 2006.

À entrada da época de Fórmula 1 de 2007, a McLaren estava a despedir-se do finlandês Kimi Raikkonen, de saída para a Ferrari, e do colombiano Juan Pablo Montoya, a caminho do NASCAR, e por isso precisava de dois pilotos. Apostou em Hamilton para fazer equipa com o espanhol Fernando Alonso, então campeão em título.

A primeira época de Hamilton na F1, em 2007, foi de estrondo: terminou no pódio nas primeiras nove corridas da temporada, incluindo dois segundos lugares e duas vitórias: a primeira da carreira no GP do Canadá e a segunda no dos Estados Unidos.
Por esta altura, Hamilton, então com 22 anos, liderava o campeonato e os adeptos britânicos já sonhavam com o "impensável": o título de campeão no ano de estreia.

Apesar do final de época marcado por acidentes em pista e "choques" fora dela com Alonso [mas com mais quatro vitórias], Hamilton chegou à última corrida do ano, no Brasil, à frente da classificação, com quatro pontos de vantagem sobre o espanhol e sete sobre Raikkonen (Ferrari). Um problema mecânico em Interlagos custou-lhe o título e Raikkonen foi campeão por apenas um ponto.

"Tenho estado em contacto com as corridas de automóveis nos últimos 60 anos e ele é, com toda a certeza, a melhor lufada de ar fresco que tivemos. Não é só o facto de conseguir conduzir, é óbvio que consegue conduzir, mas ele é um verdadeiro piloto de corridas, consegue ver um espaço e atira-se a ele", descreveu então Sir Stirling Moss, um dos mais emblemáticos pilotos britânicos, que foi quatro vezes vice-campeão do mundo e nunca chegou ao título.

No ano seguinte, em 2008, já sem Alonso na McLaren, Hamilton também chegou à última corrida, no Brasil, à beira do primeiro lugar. Com uma vantagem de sete pontos, o britânico apenas precisava de ficar em quinto para erguer o troféu. Na última volta estava num incrível sexto lugar, mas uma ultrapassagem de última hora a Timo Glock deu-lhe o primeiro título por apenas um ponto. Por um se perde e por um se ganha.

Quando todos pensavam que Hamilton iria iniciar um ciclo de vitórias, o terceiro ano na McLaren revelou-se um pesadelo. O carro tardou em ser competitivo e Hamilton fechou o ano em quinto, somente com duas vitórias e dois pódios.

Em pleno reinado de Sebastian Vettel (Red Bull) - campeão de 2010 a 2013 -, a McLaren não parecia ter condições de voltar a dar a Hamilton um carro para lutar pelo título. Em Setembro de 2012, o britânico anunciou que iria correr pela Mercedes a partir do ano seguinte.

Pela marca alemã, Hamilton ganhou na Hungria e fez outros quatro pódios, o que lhe valeu o quarto lugar no campeonato de 2013. Na época de 2014, com a Fórmula 1 a digerir novas alterações técnicas (motores V6 híbridos), cedo se percebeu que a Mercedes estava muitos furos acima de qualquer outra escuderia. Isso significou uma nova - e intensa - luta com Nico Rosberg, que só terminou na última prova da temporada, em Abu Dhabi.

Em 2015, o domínio da Mercedes voltou a ser a nota dominante. Com 16 provas disputadas, a marca de Estugarda venceu 13 (10 Hamilton, três Rosberg), conseguindo nove "dobradinhas". O britânico largou do primeiro posto em 11 das 14 poles conseguidas pela Mercedes.

Pelo caminho, Hamilton, que já era o inglês com mais vitórias na categoria-rainha do automobilismo, ultrapassou o registo de triunfos do mítico Ayrton Senna (41), contanto para já com 43, mais uma do que Vettel.

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