O que uma mastectomia faz a uma mulher pode ser mostrado com humor

Aniela McGuinness, actriz de 32 anos, criou a série fotográfica #MyBreastChoice e quer agora fazer um documentário. Pode o humor fazer frente ao cancro?

Quando Aniela McGuinness marcou um dia para fazer uma dupla mastectomia, o diagnóstico que temia ainda não existia. A actriz de 32 anos tinha guardado nas gavetas lá de casa um teste positivo à mutação genética BRCA1 e sabia, por isso, que tinha um elevado risco de desenvolver cancro da mama ou dos ovários. Marcou a operação seis anos depois do teste. E três dias depois de o fazer, ainda antes da cirurgia, o diagnóstico apareceu: Aniela tinha cancro da mama. A série fotográfica #MyBreastChoice foi a resposta dela ao que aconteceu depois — e agora vai ser transformada num documentário. Podem as gargalhada e o humor resistir à doença?

O impacto não foi menos brutal por Aniela McGuinness saber antecipadamente que o cancro lhe podia invadir os dias. Fazia um "check-up" a cada meio ano, mas acreditava que o pior não lhe aconteceria — "sobretudo aos 31 anos". Ao receber a notícia indesejada, a actriz pôs-se a pesquisar fotografias de mulheres que tinham sido mastectomizadas. "Vemos [ali] o nosso futuro e é assustador. Não queria que outras mulheres tivessem apenas essas imagens como as únicas", explica num vídeo da série #MyBreastChoice, que explora o impacto que uma dupla mastectomia causa numa mulher.

A ideia foi mostrar de forma luminosa "a evolução, a vida e o humor" em vez de uma "situação negra", explicou ao BuzzFeed: "Queria mostrar algo diferente. Fazer arte com alegria. Há cor nisto. Há alegria nisto. Tu podes rir. Não temos de ficar desconfortáveis."

Com a ajuda dos fotógrafos do Blast 'Em Photography e de maquilhadores, Aniela McGuinness recolheu "evidências fotográficas" do seu peito e documentou todo o processo: desde o momento em que soube da doença até ter feito cirurgia reconstrutiva e ter sido declarada livre da doença. Mas não de forma trágica: há imagens em que aparece como Rosie the Riveter, ícone cultural dos Estados Unidos da América, ou a Noiva de Frankenstein.

O humor como resposta ao cancro era, na verdade, algo que a actriz já conhecia. Em 2013, cerca de um ano antes de ser diagnosticada, a mãe de McGuinness tinha falecido com cancro nos ovários. Uma experiência que a mudou profundamente e a fez encontrar forças desconhecidas, conta no seu site: "Aprendi o quão poderoso é o riso. Enquanto a minha mãe morria e durante os três meses que se seguiram, tudo o que fiz foi humor improvisado. Tinha feito 'stand-up comedy' durante sete anos, mas naqueles tempos duros foi o improvisar que me deu permissão para rir."

Agora, McGuinness criou uma campanha de "crowdfunding" para levar avante um documentário a que quer chamar "I Don't Have Cancer" ("Eu não tenho cancro"), uma mistura de "stand-up" e vídeos do YouTube que fala da longa e difícil jornada, física e psicológica, vivida por alguém com um cancro. Uma aventura que começou enquanto a actriz recuperava da dupla mastectomia, a convite de David Christopher, criador do Just The Funny Theater em Miami: "Desafiou-me a ter um 'one woman show' baseado na minha experiência de mulher que tinha um cancro. A ideia era assustadora, 30 minutos em cima do palco com a alma despida", recorda. O espectáculo aconteceu mesmo — com a ajuda do realizador e escritor Tony Rivera — e agora vai ser um documentário. "Quero que as pessoas vejam a evolução, a vida e o humor numa situação negra."

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