Oito meses para resolver o excesso de médios e a falta de avançados
Cumprida a qualificação para o Euro 2016, Fernando Santos tem agora a tarefa de apurar a lista final de 23 jogadores. Há muitas certezas, mas também algumas dúvidas.
Até anunciar a convocatória final, Fernando Santos ainda fará mais duas convocatórias para jogos particulares, dois em Novembro (quando forem os play-off para definir os restantes apurados para o Euro) e dois em Março. E quando chegar o final de Maio, poderá seguir o exemplo de Paulo Bento antes do Mundial 2014 e apresentar uma lista alargada, para depois a reduzir a 23. Seja como for, não será difícil de prever boa parte das opções finais do engenheiro, que terá de manobrar entre a escassez de opções ofensivas e a profusão de médios.
Se há um sector praticamente fechado, é o da baliza. Com Fernando Santos foram utilizados três guarda-redes e, salvo algum contratempo de última e mantendo eles uma constância competitiva durante a época, serão Rui Patrício (Sporting), Anthony Lopes (Lyon) e Beto (Sevilha). Eduardo (Dínamo Zagreb) deverá ser a opção de recurso se algum dos três falhar.
O lote dos centrais também estará mais ou menos estabilizado e, aqui, Santos tem valorizado a experiência e os especialistas. Se forem quatro centrais ao Euro (e tem sido assim em quase todos os torneios), os escolhidos deverão ser, de acordo com a sua utilização no último ano, Ricardo Carvalho (Mónaco), Pepe (Real Madrid), Bruno Alves (Fenerbahçe) e José Fonte (Southampton).
Aqui já existem algumas diferenças em relação ao último Mundial, com um regresso e uma estreia. Ricardo Carvalho foi um proscrito durante boa parte do consulado de Paulo Bento e foi recuperado por Santos, enquanto Fonte só se estreou pela selecção depois dos 30. Saem Luis Neto e Ricardo Costa, mas o homem do Zenit ainda se vai mantendo entre as escolhas de Santos, ao contrário do central do PAOK, que nunca entrou nas contas do seleccionador. Neto estará, por isso, na linha da frente para uma eventual substituição, tal como o sportinguista Paulo Oliveira.
A questão dos laterais já será menos linear e, aqui, Fernando Santos conta com os polivalentes. Cédric Soares (Southampton) e Eliseu (Benfica) deverão ser os especialistas, respectivamente, à direita e à esquerda, mas não necessariamente os titulares porque a concorrência será feita por Vieirinha (Wolfsburgo) e Fábio Coentrão (Mónaco), jogadores de matriz ofensiva que foram recuando no campo, mas que constituem opções mais que válidas para o ataque – Coentrão foi, aliás, mais utilizado por Santos no meio-campo do que na defesa. As alternativas são numerosas e igualmente válidas, Raphael Guerreiro (Lorient), Bosingwa (Trabzonspor) e Nelson Semedo (Benfica).
O meio-campo é o sector onde Fernando Santos tem muito por onde escolher e talvez não tenha vagas suficientes para tanta qualidade. João Moutinho (Mónaco) e Tiago (Atlético de Madrid) foram os dois mais utilizados e estão fixos na lista de Santos. William Carvalho (Sporting), Danilo Pereira (FC Porto) e Bernardo Silva (Mónaco) também têm uma alta probabilidade de ir a França, tal como, em menor medida, André André (FC Porto) e João Mário). Mas aqui há menos certezas. A escolha dos sete nomes acima citados implicaria deixar de fora jogadores como Adrien Silva (Sporting), André Gomes (Valência), Miguel Veloso (Dínamo Kiev) ou até André Almeida (Benfica).
O ataque é onde há menos opções e aqui Fernando Santos não tem muito que inventar. Cristiano Ronaldo (Real Madrid) é a “estrela” à roda da qual tudo se constrói. E os quatro companheiros de sector também serão mais ou menos consensuais, Danny (Zenit), Nani (Fenerbahçe), Quaresma (Besiktas) e Éder (Swansea). Silvestre Varela (FC Porto) também poderá aparecer nesta lista, tal como Rafa (Sp. Braga), Rui Fonte (Sp. Braga) ou até mesmo Carlos Mané (Sporting), nenhum deles utilizado por Fernando Santos. Longe estarão homens como Hélder Postiga (Atlético Klokata) ou Hugo Almeida (Anzhi), mas Santos já provou que reabilitar jogadores para a selecção é com ele.