Casa do Algarve em Lisboa encerra portas

Os autarcas deixaram de pagar quotas deixando morrer uma instituição com 85 anos

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Os autarcas viraram costas à Casa do Algarve (CdA), em Lisboa. Uns atrás dos outros, os municípios foram deixando de pagar as quotas de sócio, e assim contribuíram para acabar com uma instituição com 85 anos. “Estávamos a morrer aos poucos”, disse António Feu, o último presidente da direcção, actualmente membro da comissão liquidatária. Nesta segunda-feira, a Comunidade Intermunicipal do Algarve - Amal optou por não responder a um último apelo de sobrevivência.

A questão – retomar a quotização - foi levada à reunião mensal dos 16 presidentes dos municípios, pelo autarca de Monchique, Rui André “Não lhes conheço nenhum plano de actividade - parece-me mais um Centro de Dia em Lisboa que organiza umas excursões”, disse o autarca social-democrata, acrescentado que a assembleia municipal tinha deliberado em sentido contrário aquilo que era sua vontade. Na mesma linha de pensamento, manifestou-se o presidente da Amal, Jorge Botelho, PS, (também presidente da câmara de Tavira) adiantando que se trata de “gente de uma certa idade” sem capacidade para projectar os interesses da região na capital. “Mandei devolver a conta, no valor de alguns milhares de euros [referente às quotas, em atraso, da câmara de Tavira]”.

No entanto, Botelho adiantou que tivera uma reunião com a direcção da CdA, respondendo a um pedido de ajuda da direcção para evitar a falência. O que admitiu, disse, foi colocar aqui [na Amal] à votação um pedido de subsídio, desde que viesse acompanhado de um plano de actividades. Tudo o que agora possa ser deliberado, diz António Feu, já chega tarde. “Estamos em situação liquidatária, depois da assembleia geral ter aprovado a extinção. “As câmaras deixaram de ser sócias  e assim não havia condições que suportar um orçamento na ordem dos 2500 a 3000 euros mensais”. O valor máximo da quota anual aos municípios estava fixado em 500 euros. Quanto às referências críticas dos autarcas, o antigo deputado do PRD, responde: “Já fui em muitas excursões, sim, mas era quando estava no Parlamento, na Casa do Algarve, nunca”.

A Casa do Algarve ocupa hoje uma sede na Avenida de Ceuta, mas chegou a ter um terreno cedido pela câmara de Lisboa, em Benfica, para construir um novo edifício. Porém, a falta de condições financeiras adiantou durante décadas a concretização de projectos onde foram investidos mais de 3== mil euros. Por fim, há cerca de um ano, uma sentença judicial fez reverter o lote para o município, e tudo ficou mais complicado.

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