Anish Kapoor tapou com ouro os graffiti de Versalhes

O artista explicou ser “um acto de transformação que torna a maldade noutra coisa”.

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Os graffiti a serem cobertos com folha de ouro DR

Na tradição japonesa, quando um objecto de cerâmica se partia era reparado a ouro ou prata com uma técnica conhecida como kintsukuroi – ou kintsugi. A filosofia por detrás dizia respeito à aceitação das falhas, imperfeições e marcas de uso como parte da história de um objecto. Uma parte a enaltecer, e não a esconder. Foi o caminho de compromisso assumido por Anish Kapoor em relação aos escritos anti-semitas grafitados sobre Dirty Corner, do Palácio de Versalhes e que já por três vezes, desde Junho, foi vandalizada.

Depois da polémica em França devido à decisão de Kapoor de não apagar as frases escritas sobre a grande trompa metálica com cerca de 61 metros e conhecida na comunicação social como “a vagina da rainha”, o artista obedeceu agora à decisão de um tribunal francês que decidiu que as frases não podiam continuar expostas por disseminar propaganda racista, diz a BBC.  

“[Esta decisão] parte-me o coração”, disse ao artista ao Figaro.  Depois publicou uma fotografia da escultura no Instagram com os graffiti cobertos por panos negros. Escreveu: “Os racistas em França ganharam um julgamento em tribunal fazendo com que os graffiti racistas sejam cobertos, culpando o artista e Versalhes por disseminar propaganda racista. É como se uma mulher violada for culpada pela sua própria violação. Vamos combater isto. Os racistas não podem ganhar."

Kapoor parece lançar toda uma campanha ao acabar a sua mensagem dizendo: “Juntem-se a nós!” No entanto, acatou já a ordem cobrindo as frases com folha de ouro.

Disse ser a sua “resposta real” (no sentido monárquico do termo). E ao The Art Newspaper explicou ser “um acto de transformação que torna a maldade noutra coisa”. Qualquer coisa “activa, não reactiva”.

 

 

 


 

   

       

 

   

 

   

 

 

   

 

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