Novak Djokovic é o campeão de que poucos gostam

O 10.º título do Grand Slam acentuou a excelente época do incontestado número do ranking

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Djokovic com o troféu do Open dos EUA JEWEL SAMAD/AFP

De personalidade forte, simpático, grande sentido de humor, disponível para os adeptos e jornalistas, sempre bem-educado, bom colega no circuito, Novak Djokovic é, provavelmente, o número um do ranking com menos fãs. Na final do Open dos EUA, o sérvio bem o sentiu: a esmagadora maioria dos 23 mil espectadores do Arthur Ashe Stadium apoiou incondicionalmente Roger Federer. Mas foi também aí que se viu a grande força mental de Djokovic. O líder do ranking alimentou-se dessa falta de reconhecimento para reforçar a sua capacidade de dominar os ataques de Federer e alcançar a sua 10.ª vitória em torneios do Grand Slam.

“Todos têm a opção de apoiar o jogador que quiserem e ele merece, absolutamente, todo o apoio que tem, por causa dos anos e sucesso que tem tido e pela forma como age, dentro e fora do court. Eu, estou ali para merecer esse apoio e espero, no futuro, poder estar no lugar dele”, disse Djokovic, autor de uma das melhores épocas de sempre: 63 encontros ganhos, cinco perdidos, sete títulos entre os quais o Open da Austrália, Wimbledon e Open dos EUA – e ainda foi finalista no outro major, Roland Garros.

A chuva obrigou a um adiamento de mais de três horas até que os dois finalistas entrassem no court, mas a espera não estragou o espectáculo. Na primeira final do Open dos EUA dirigida por uma mulher, a grega Eva Asderaki, Federer entrou um pouco frio e depois de enfrentar break-points no jogo inaugural, cedeu o serviço no terceiro jogo.

Uma queda de Djokovic, apanhado em contra pé por um vólei do suíço, contribuiu para que Federer recuperasse o break. Mas os primeiros serviços eram poucos e foi quebrado pela segunda vez. E ao fim de 41 minutos, o número dois mundial perdia o primeiro set desde que foi derrotado na final de Wimbledon pelo mesmo adversário.

Federer entrou melhor no segundo set, mas só ao nono break-point é que fechou a partida, levando ao rubro o público nova-iorquino. Só que Federer não conseguiu manter esse nível e sofreu um break no terceiro jogo, em que serviu a 40-15, e no oitavo. O suíço não cedeu e, no jogo seguinte, teve dois break-points (15-40), mas não foi tão afoito e Djokovic fechou o set.

As forças e a crença começaram a faltar a Federer que cedeu um break logo a abrir o quarto set. O suíço de 34 anos continuou a lutar e, a 2-5, recuperou um dos dois breaks de desvantagem. Federer teve novas oportunidades quando Djokovic serviu a 5-4, mas o sérvio recuperou de 15-40 e salvou ainda outro break-point, antes de encerrar o encontro, com os parciais de 6-4, 5-7, 6-4 e 6-4.

Nas contas finais, Djokovic venceu 147 pontos, apenas mais dois que o suíço. Federer, autor de 56 winners e de 59 subidas à rede, só pode queixar-se de ter concretizado quatro dos 23 break-points de que dispôs.

“Penso que era o plano de jogo certo. Apenas a execução é que faltou em alguns momentos cruciais. Tirando isso, penso que fiz um bom jogo. Talvez não jogasse desta forma ofensiva há muito tempo e essa foi talvez a razão por que tremi um pouco nos break-points. Quem sabe?”, adiantou Federer.

Djokovic voltou a impor a sua maior solidez e capacidade defensiva e de contra-ataque, apoiadas numa condição física irrepreensível.

“Sabia que ele ia ser agressivo mas estava pronto para isso, para a batalha. Foi isso que aconteceu, três horas e 20 minutos, puxámos um pelo outro até ao limite, como fazemos sempre”, resumiu Djokovic.

Com este triunfo do sérvio, que lhe rendeu 2,9 milhões de euros, há, pela primeira vez, no activo, três tenistas com 10 ou mais títulos do Grand Slam: Federer (17), Rafael Nadal (14) e Djokovic (10).

 

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